Presidente da Câmara considera insuficiente a retratação de Alexandre Bompard e pede postura mais assertiva do Itamaraty.
26 de Novembro de 2024 às 15h48

Arthur Lira critica pedido de desculpas do CEO do Carrefour e cobra resposta firme do governo

Presidente da Câmara considera insuficiente a retratação de Alexandre Bompard e pede postura mais assertiva do Itamaraty.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), expressou descontentamento com a carta de desculpas enviada pelo CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Lira classificou a retratação como "muito fraca", considerando o impacto negativo que as declarações de Bompard tiveram na imagem do Brasil.

Em suas declarações, Lira afirmou: "No meu ponto de vista, foi muito fraca, dado o estrago de imagem que produziu o CEO da rede Carrefour". O presidente da Câmara também se mostrou crítico da resposta do Ministério da Agricultura, que considerou "leniente" diante da situação.

Lira enfatizou que é "temerário" que o Congresso, o governo federal e o Itamaraty não adotem uma postura mais firme contra o que ele descreveu como uma "crescente de narrativas que visam gerar desinformação" sobre a qualidade dos produtos brasileiros.

A polêmica teve início na semana anterior, quando Bompard anunciou que a rede Carrefour deixaria de comprar carne do Mercosul, uma decisão que provocou reações imediatas dos frigoríficos brasileiros, que interromperam o fornecimento de carne à rede. Em resposta, Bompard enviou uma carta ao ministro Fávaro, na qual reconheceu que sua comunicação anterior havia causado confusão e pediu desculpas.

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Na carta, Bompard destacou a importância da parceria entre o Carrefour e a agricultura brasileira, mas Lira argumentou que o ideal seria um reconhecimento formal da qualidade dos produtos do país. "O Brasil não quer que ninguém compre os produtos à força. A gente vê escolha de quem comprar, escolha igual de cada país", disse Lira, ressaltando a singularidade das reservas naturais e produtivas do Brasil.

Além da carta ao ministro, o Carrefour também divulgou uma nota à imprensa reafirmando a qualidade da carne brasileira. Fávaro, por sua vez, considerou a retratação como uma "vitória" para o Brasil, afirmando que o país sai "fortalecido para negociações como a do acordo Mercosul e União Europeia".

Em um contexto mais amplo, a tensão entre o Carrefour e os frigoríficos brasileiros reflete as preocupações do setor agrícola sobre o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que muitos acreditam que pode prejudicar a venda de produtos brasileiros na Europa. Lira, durante uma reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária, mencionou que um projeto de lei sobre reciprocidade comercial está em tramitação, visando proteger a produção nacional.

O ministro Fávaro, após o episódio, minimizou a situação, afirmando que foi uma "atitude intempestiva do CEO do Carrefour" que foi corrigida a tempo. Ele expressou otimismo em relação ao futuro das relações comerciais entre Brasil e Carrefour, considerando o episódio superado.

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