Auditoria revela irregularidades em cemitério de São Paulo com ossadas expostas
Vistorias do TCM identificam ossos humanos e lixo de velórios em cemitério privatizado; reunião com SP Regula está agendada.
São Paulo — Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) revelou a presença de ossos humanos não identificados e restos de material funerário em meio a escavações em diversos cemitérios da capital paulista. As irregularidades foram detectadas durante vistorias realizadas entre 12 e 16 de novembro em dez unidades que estão sob administração privada desde março de 2023.
O relatório da auditoria aponta que, em locais como os cemitérios Vila Formosa, Campo Grande e Dom Bosco, partes de esqueletos humanos estavam expostas devido a escavações inadequadas. Essas escavações ocorreram em áreas onde os sepultamentos eram realizados em contato direto com o solo, prática que foi abolida em janeiro deste ano, quando passou a ser exigido o uso de gavetas de laje.
No cemitério Vila Formosa, um crânio foi encontrado solto no solo, enquanto no São Pedro, na zona leste, os auditores encontraram resíduos de exumações misturados com materiais de construção em contêineres abertos. Além disso, pedaços de madeira e mantas mortuárias foram registrados junto a restos de obras, indicando que as escavações realizadas estavam em áreas indevidas, resultando em exumações não autorizadas e descarte anônimo de ossadas.
Os auditores relataram que as empresas responsáveis pela administração dos cemitérios não conseguiram comprovar a destinação correta das ossadas que foram enterradas nos locais onde ocorreram exumações compulsórias. Limitaram-se a apresentar sacos de despojos em quantidade inferior ao total de exumações realizadas.
Em resposta às graves descobertas, o TCM convocou uma reunião com a SP Regula, a agência pública responsável pela fiscalização dos serviços prestados pelas concessionárias, a ser realizada na próxima quinta-feira, dia 28 de novembro. Os apontamentos da auditoria também foram encaminhados ao prefeito Ricardo Nunes, que deverá tomar providências sobre a situação.
As concessionárias comentaram a situação, afirmando que as obras de melhoria nos cemitérios são necessárias e que o processo de exumações está em conformidade com as normas vigentes. A Consolare, responsável pelo cemitério Vila Formosa, declarou que todos os despojos identificados foram documentados e armazenados em ossários, ressaltando que a empresa está tomando medidas para garantir a correta destinação dos ossos encontrados. Por outro lado, a Velar SP, que administra o cemitério São Pedro, alegou que a situação relatada foi pontual e decorrente de falha individual de seus colaboradores.
A gravidade das irregularidades levantadas pela auditoria gerou preocupação entre os cidadãos e autoridades, destacando a necessidade urgente de uma revisão nos procedimentos de administração dos cemitérios privatizados de São Paulo.
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