Com saldo líquido negativo de US$ 56,21 bilhões, fluxo financeiro é o pior desde 1982, segundo o Banco Central.
25 de Novembro de 2024 às 20h24

Brasil registra saída recorde de dólares pela via financeira até outubro de 2023

Com saldo líquido negativo de US$ 56,21 bilhões, fluxo financeiro é o pior desde 1982, segundo o Banco Central.

O Brasil enfrentou uma saída recorde de dólares pela via financeira entre janeiro e outubro de 2023, totalizando um saldo líquido negativo de US$ 56,21 bilhões. Este resultado marca o pior desempenho desde o início da série histórica do Banco Central, que teve início em 1982. O saldo já supera o registrado em 2020, ano impactado pela pandemia, quando o saldo negativo foi de US$ 55,36 bilhões.

A saída de dólares está intimamente ligada a operações no mercado de capitais, que incluem investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior, além de investimentos estrangeiros diretos. Esses fatores têm contribuído para um fluxo financeiro desfavorável, refletindo a diminuição da entrada de capitais no país.

Além da saída expressiva de dólares, os dados do Banco Central revelaram que, em outubro, o Brasil registrou um déficit em transações correntes de US$ 5,88 bilhões. Isso representa uma queda significativa em relação ao superávit de US$ 451 milhões no mesmo mês do ano anterior, evidenciando um agravamento nas contas externas.

Por outro lado, a balança comercial de bens apresentou um superávit de US$ 3,4 bilhões em outubro, o que ajudou a equilibrar, em certa medida, o fluxo cambial. Essa discrepância entre a conta financeira e a conta comercial sugere que, apesar da saída de dólares, a entrada de recursos pela via comercial continua a ser um fator positivo.

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Com o final do ano se aproximando e considerando a prática sazonal de remessas de lucros para o exterior, especialistas projetam que 2024 poderá registrar a maior saída de dólares da história. Em 2019, por exemplo, a fuga de dólares alcançou US$ 65,8 bilhões, um recorde que pode ser superado no próximo ano.

O Banco Central também revisou suas projeções para o déficit em transações correntes de 2023, elevando-o de US$ 21,7 bilhões (1% do PIB) para US$ 24,5 bilhões (1,13% do PIB). Essa revisão foi influenciada principalmente pela variação na renda primária, cujo déficit subiu de US$ 76,5 bilhões para US$ 79,5 bilhões.

Os investimentos diretos no Brasil também mostraram um aumento em outubro, totalizando US$ 5,7 bilhões, em comparação com os US$ 3,1 bilhões registrados em outubro de 2022. Essa tendência de crescimento nos investimentos diretos pode refletir um certo otimismo em relação à economia brasileira, apesar do cenário desafiador apresentado pelo fluxo financeiro negativo.

A análise dos dados do Banco Central aponta para um cenário complexo, onde a saída de dólares pela via financeira contrasta com a performance da balança comercial, gerando preocupações sobre a sustentabilidade das contas externas do Brasil nos próximos meses.

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