Decisão de Biden para perdoar Hunter é criticada até por democratas, que veem risco à confiança no sistema judicial
03 de Dezembro de 2024 às 13h03

Casa Branca justifica perdão de Biden a filho em meio a críticas de aliados e opositores

Decisão de Biden para perdoar Hunter é criticada até por democratas, que veem risco à confiança no sistema judicial

A Casa Branca defendeu, nesta segunda-feira, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de conceder um perdão incondicional a seu filho, Hunter Biden, que enfrenta processos por evasão fiscal e posse ilegal de arma. A medida, anunciada no domingo, gerou uma onda de críticas, incluindo de membros do próprio Partido Democrata, que alertaram para o impacto negativo na confiança pública no sistema judicial.

De acordo com a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, a decisão de Biden foi motivada pela preocupação com as possíveis perseguições políticas que Hunter poderia enfrentar. “O presidente acreditava que seus oponentes não iriam deixar seu filho em paz e continuariam a persegui-lo”, afirmou Jean-Pierre durante uma coletiva a bordo do Air Force One, enquanto se dirigia a Angola.

Hunter Biden, de 54 anos, já havia se declarado culpado em um tribunal federal por acusações de sonegação de impostos e por mentir sobre seu uso de drogas ao adquirir uma arma. A decisão de seu pai de perdoá-lo contrasta com declarações anteriores, nas quais Biden havia afirmado que não tomaria tal atitude. Em junho, ao ser questionado sobre a possibilidade de um perdão, o presidente respondeu “sim”, indicando que isso não ocorreria.

A medida provocou reações negativas não apenas entre os republicanos, que acusaram Biden de hipocrisia, mas também entre os democratas. O governador do Colorado, Jared Polis, expressou preocupação de que o perdão poderia ser interpretado como um sinal de que a família está acima da lei. “Quando um presidente prioriza a proteção de um familiar em detrimento de suas responsabilidades com o povo americano, isso reforça a sensação de que há um sistema judicial para os poderosos e outro para os demais”, disse Polis.

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Por outro lado, há democratas que apoiam a decisão, argumentando que Hunter foi alvo de perseguições injustas por parte de adversários políticos. A ex-assessora do Departamento de Justiça, Anthony Coley, defendeu o perdão, afirmando que a medida é justificada dada a pressão e os ataques que Hunter vem sofrendo. “Qual pai não protegeria seu único filho sobrevivente de um assédio político injustificado?”, questionou.

Além das críticas, a decisão de Biden também levanta questões sobre o impacto em seu legado político. Analistas sugerem que a concessão do perdão pode complicar sua posição no futuro, especialmente em um momento em que sua popularidade já está em baixa após as recentes eleições. As divisões internas no Partido Democrata podem se acirrar, à medida que diferentes vozes se manifestam sobre a legitimidade da decisão.

Hunter Biden deve ser sentenciado em 16 de dezembro, e a expectativa é que o perdão presidencial cubra quaisquer crimes que ele possa ter cometido desde 2014, o que inclui uma ampla gama de possíveis acusações. Apesar das alegações de que Hunter foi tratado de forma desigual devido ao seu sobrenome, o conselheiro especial responsável pelos casos declarou que não há evidências de perseguição política.

Com o clima político cada vez mais polarizado, a decisão de Biden de perdoar seu filho pode ser vista como um teste à sua administração e à confiança que o público deposita na justiça. O futuro de Hunter e o impacto dessa decisão no governo Biden ainda permanecem incertos.

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