2024 será o primeiro ano a ultrapassar o limite de 1,5°C de aquecimento global
O ano de 2024 será o mais quente já registrado, superando o limite de 1,5°C do Acordo de Paris.
De acordo com o observatório europeu Copernicus, 2024 será o ano mais quente já registrado, superando pela primeira vez o limite de aquecimento de 1,5°C em comparação com o período pré-industrial. A confirmação foi feita nesta segunda-feira (9) pelo Serviço de Mudança Climática (C3S) do Copernicus, que destacou a certeza de que a temperatura média global ultrapassará este patamar.
O mês de novembro de 2023, que já foi considerado o segundo mais quente desde o início das medições, apresentou temperaturas 1,62°C acima da média de um novembro normal, refletindo a continuidade de eventos climáticos extremos, como tufões devastadores na Ásia e secas severas na África e na Amazônia. Esse mês foi o 16º dos últimos 17 a registrar anomalias superiores a 1,5°C em relação aos níveis de temperatura entre 1850 e 1900, conforme dados do banco de dados ERA5 do Copernicus.
A barreira de 1,5°C é um dos principais objetivos do Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura global a menos de 2°C e, se possível, a 1,5°C. Para considerar este limite como superado, a média de aquecimento deve ser monitorada por pelo menos 20 anos. Atualmente, o aquecimento global está em torno de 1,3°C, e o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) estima que o limite de 1,5°C poderá ser atingido entre 2030 e 2035.
Em um contexto de crescente preocupação com os impactos das mudanças climáticas, a ONU alertou que o mundo não está no caminho certo para reduzir as emissões de carbono. As políticas atuais indicam um aquecimento potencialmente catastrófico de 3,1°C ao longo do século, a menos que as promessas climáticas sejam cumpridas, o que ainda assim resultaria em um aumento de 2,6°C.
Os países têm até fevereiro de 2024 para apresentar à ONU suas revisões de objetivos climáticos até 2035, conhecidos como “contribuições nacionalmente determinadas” (NDC). Apesar disso, os acordos mínimos estabelecidos na COP29, realizada no final de novembro, foram considerados insuficientes para garantir uma transição energética robusta. Os países em desenvolvimento receberam promessas de assistência anual de 300 bilhões de dólares (cerca de 1,8 trilhão de reais) dos países ricos até 2035, valor que representa menos da metade do necessário para financiar essa transição.
Além disso, as catástrofes naturais em 2024, exacerbadas pelo aquecimento global, resultaram em perdas econômicas de cerca de 310 bilhões de dólares (1,9 trilhão de reais), conforme relatórios da Swiss Re, empresa especializada em seguros.
O fenômeno natural El Niño, que se intensificou em 2023, aliado ao aquecimento climático, tem contribuído para o aumento das temperaturas globais. Especialistas, como o cientista Robert Vautard, ressaltam que o ano seguinte ao fenômeno é frequentemente mais quente e que o resfriamento observado em 2024 é lento, exigindo uma análise mais aprofundada das causas.
Um estudo recente publicado na revista Science indicou que a Terra refletiu menos energia solar em 2023 devido à redução das nuvens de baixa altitude e à diminuição da camada de gelo. A situação na Antártida é crítica, com a camada de gelo permanecendo em níveis historicamente baixos desde 2023, o que contribui para o aumento do nível do mar e outros impactos climáticos.
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