Velório de menino de 4 anos no Morro da Fé termina em confusão e pai é expulso
Davi, de 4 anos, foi baleado durante uma briga entre os pais, com envolvimento de traficantes locais.
O velório de Davi Delgado Magno, um menino de apenas 4 anos, ocorreu neste sábado no Cemitério de Irajá, no Rio de Janeiro, e foi marcado por momentos de grande confusão. Segundo relatos, o pai da criança, André Rosa Magno, foi cercado por várias pessoas e expulso do local. Davi faleceu após ser atingido por um tiro na cabeça durante uma discussão entre seus pais, que envolveu a intervenção de um traficante que, supostamente, tentou "apartar" a briga.
A tragédia aconteceu no Morro da Fé, na Penha, Zona Norte do Rio. A criança chegou a ser levada ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos. Agora, os pais de Davi apresentam versões divergentes sobre os eventos que levaram à sua morte.
Raquel Gomes Delgado, mãe de Davi, de 43 anos, afirmou que a situação começou quando seu ex-companheiro, André, de 48 anos, sequestrou o menino na última segunda-feira e a ameaçou, afirmando que ela não veria mais o filho. Raquel, que alega estar separada de André há cerca de um ano, possui uma medida protetiva contra ele devido a casos anteriores de violência doméstica.
De acordo com Raquel, no dia da morte de Davi, ela foi até o prédio onde André reside, na entrada do Morro da Fé, na tentativa de recuperar a criança. Ao chegar, começou a gritar pelo filho, momento em que criminosos se aproximaram para entender a situação. “Cheguei e toquei a campainha, mas não sei se estava quebrada, então comecei a gritar pelo André. É uma área de risco, e um dos homens veio perguntar o que estava acontecendo”, relatou Raquel.
Segundo a mãe, André apareceu na janela e, após um pedido do traficante, desceu com Davi no colo. No entanto, ele demorou a descer e, ao se ver cercado por criminosos armados, teria tentado escapar, atropelando alguns deles. Os homens reagiram disparando contra o veículo, e uma das balas atingiu Davi.
Por outro lado, André apresentou uma versão diferente dos fatos. Em seu depoimento, ele alegou que estava separado de Raquel há apenas uma semana e que ela havia chamado traficantes para ajudá-la durante uma briga. Ele afirmou que, ao perceber a situação, pegou Davi e tentou fugir, mas acabou atropelando um traficante, que então disparou contra o carro. André negou estar armado no momento do incidente.
“Tenho arma, sou CAC, mas como poderia estar armado com meu filho no colo e sendo ameaçado por homens armados? Eles arrombaram a garagem, e isso está filmado. Meu carro estava ligado, e a única oportunidade que tive foi sair rapidamente”, explicou André, que ainda afirmou que a situação foi registrada por câmeras de segurança.
Raquel, em contrapartida, reiterou que a medida protetiva estava em vigor e que André não deveria se aproximar dela. Ela mencionou que tentava se divorciar de forma amigável, mas que André não aceitava o término. “Ele diz que não recebeu nada, mas eu tenho a documentação”, afirmou Raquel.
A Polícia Civil foi acionada e periciou o veículo de André na porta do hospital onde Davi foi atendido. A Secretaria de Polícia Militar informou que policiais do 16º BPM (Olaria) foram chamados para verificar a entrada de uma criança ferida por disparos de arma de fogo na unidade hospitalar. “Chegando ao local, os policiais foram informados que a criança veio a óbito após o veículo do pai ter sido alvo de disparos por homens armados do Morro da Fé”, diz a nota oficial.
O crime está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios, que busca esclarecer todos os detalhes que cercam essa tragédia familiar que resultou na morte de uma criança inocente.
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