Pesquisadores da UFSM desvendam características do Saturnalia tupiniquim, um dos dinossauros mais antigos do planeta.
18 de Dezembro de 2024 às 07h46

Descoberta no Rio Grande do Sul revela crânio quase completo de dinossauro primitivo

Pesquisadores da UFSM desvendam características do Saturnalia tupiniquim, um dos dinossauros mais antigos do planeta.

Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) realizaram uma importante descoberta que revela a verdadeira face do Saturnalia tupiniquim, um dos dinossauros mais antigos conhecidos, com aproximadamente 230 milhões de anos. O estudo, que analisou fósseis escavados em 2018 no sítio fossilífero Cerro da Alemoa, em Santa Maria, trouxe à tona um crânio quase completo do animal, permitindo uma nova compreensão sobre suas características anatômicas e comportamentais.

Os fósseis pertenciam a três indivíduos da espécie, sendo um deles apelidado de “Gracinha” pelos pesquisadores, devido à sua morfologia delicada. O crânio preservado em excelente estado revelou detalhes inéditos sobre o Saturnalia tupiniquim, como um crânio curto e afunilado, além de dentes em forma de punhal com serrilhas, indicando uma dieta carnívora.

Embora a espécie pertença à linhagem dos dinossauros gigantes, conhecidos por seus pescoços longos e dietas herbívoras, o Saturnalia tupiniquim apresenta traços primitivos. Com cerca de 1,5 metro de comprimento, o dinossauro manteve o tamanho corporal reduzido e os hábitos carnívoros de seus ancestrais, o que o diferencia de outras espécies contemporâneas.

A pesquisa foi conduzida por Lísie Damke durante seu Mestrado em Biodiversidade Animal na UFSM, sob a orientação do Dr. Rodrigo Temp Müller, do CAPPA/UFSM. O estudo também contou com a colaboração dos cientistas Dr. Max Cardoso Langer, da Universidade de São Paulo (USP), e Dr. Átila Augusto Stock Da-Rosa, da UFSM.

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A análise detalhada do crânio encerra um debate científico que se arrastava desde 1999, quando os primeiros ossos cranianos da espécie foram descritos. Na época, os pesquisadores sugeriram que o Saturnalia tupiniquim possuía um crânio pequeno em comparação a outros dinossauros da mesma época. Em 2019, tomografias de materiais antigos reforçaram essa ideia, mas faltava uma evidência conclusiva.

Com a nova descoberta, os cientistas confirmaram que o Saturnalia tupiniquim realmente tinha um crânio pequeno, adaptado para movimentos rápidos, o que facilitava a captura de presas. Esses dados oferecem novas pistas sobre a transição de pequenos carnívoros para os colossais herbívoros que surgiram milhões de anos depois, ampliando o entendimento sobre a evolução das espécies.

A descoberta também abre novas possibilidades para compreender a vida na Região Central do Rio Grande do Sul há mais de 200 milhões de anos, fornecendo insights valiosos sobre a biodiversidade da época e o papel ecológico do Saturnalia tupiniquim.

Compreender espécies tão arcaicas como o Saturnalia tupiniquim é fundamental para elucidar o complexo processo evolutivo dos dinossauros. Estudos como o da UFSM provocam reflexões sobre a evolução das linhagens que levaram ao surgimento dos imponentes gigantes herbívoros, além de enriquecer o conhecimento sobre a fauna pré-histórica da região central do Rio Grande do Sul.

Essa pesquisa contínua sublinha a importância dos fósseis como testemunhas silenciosas da história terrestre, oferecendo novas perspectivas e desafios para a paleontologia moderna.

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