Ministra do Interior promete apuração rigorosa após atentado que deixou cinco mortos e 200 feridos.
22 de Dezembro de 2024 às 16h48

Alemanha investiga alertas sobre suspeito de ataque em mercado de Natal em Magdeburg

Ministra do Interior promete apuração rigorosa após atentado que deixou cinco mortos e 200 feridos.

A Alemanha está sob intensa investigação após um ataque em um mercado de Natal na cidade de Magdeburg, que resultou na morte de cinco pessoas, incluindo uma criança de 9 anos, e deixou cerca de 200 feridos, sendo 40 em estado crítico. O incidente ocorreu na noite da última sexta-feira, quando um carro colidiu com uma multidão de pessoas que celebravam as festividades natalinas.

A ministra do Interior, Nancy Faeser, anunciou neste domingo (22/12) que uma investigação detalhada será realizada para apurar se os alertas emitidos anteriormente sobre o suspeito foram devidamente considerados pelas autoridades. Faeser reconheceu que o homem, um médico saudita de 50 anos, já havia chamado a atenção da polícia e de órgãos governamentais em ocasiões anteriores.

As autoridades enfrentam pressão crescente para esclarecer se o ataque poderia ter sido evitado caso os avisos sobre o suspeito tivessem sido tratados com mais seriedade. Faeser declarou que “a Polícia Criminal Federal da Alemanha está colaborando com as investigações das autoridades da Saxônia-Anhalt” e que todos os antecedentes do caso serão analisados.

O Departamento de Migração e Refugiados da Alemanha confirmou que recebeu uma denúncia sobre o suspeito no ano passado, que obteve status de refugiado em 2016. A denúncia foi identificada através de redes sociais e encaminhada às autoridades competentes. O escritório de migração afirmou que todas as denúncias recebidas foram levadas a sério.

De acordo com a revista alemã Der Spiegel, serviços secretos sauditas também alertaram as autoridades alemãs sobre o suspeito em várias ocasiões. No entanto, uma avaliação de risco realizada pela polícia estadual e federal no ano passado concluiu que o homem não representava “nenhum perigo específico”.

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Holger Münch, chefe do Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA), informou que o suspeito teve diversos contatos com as autoridades, durante os quais fez insultos e ameaças, mas não era conhecido por atos de violência. Münch o descreveu como um “agressor atípico”.

O suspeito, que se apresenta como um “ex-muçulmano e dissidente saudita” nas redes sociais, expressou opiniões anti-islâmicas e apoio ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Em postagens, ele chegou a questionar se haveria um caminho para alcançar a justiça na Alemanha sem “explodir uma embaixada alemã ou massacrar aleatoriamente alemães”.

Além disso, o médico saudita já enfrentou problemas legais anteriormente. Em 2013, foi multado por perturbar a paz pública ao ameaçar cometer crimes. Este ano, ele foi investigado em Berlim por uso indevido de chamadas de emergência após uma discussão com a polícia em uma estação de trem.

Após o ataque, o suspeito foi preso e enfrenta acusações de assassinato e tentativa de assassinato. O episódio gerou uma onda de indignação e exigências por melhorias na segurança pública. Bernd Baumann, líder parlamentar da AfD, pediu ao chanceler Olaf Scholz que convoque uma sessão especial do Bundestag para discutir a situação da segurança nacional, enquanto a líder do partido populista de esquerda BSW, Sahra Wagenknecht, questionou por que tantas pistas sobre o suspeito foram ignoradas.

Os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e os liberais do Partido Liberal Democrático (FDP) também solicitaram melhorias na coordenação entre as autoridades federais e estaduais. Rainer Wendt, presidente do sindicato da polícia DPolG, pediu cautela e liberdade para que os investigadores possam trabalhar sem especulações.

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