Coreia do Sul ordena inspeção de todos os Boeing 737-800 após tragédia aérea
Após a queda de um Boeing 737-800 em Muan, que deixou 179 mortos, o governo sul-coreano inicia inspeções rigorosas em todos os modelos do país.
O governo da Coreia do Sul anunciou nesta segunda-feira (30) a realização de uma "inspeção completa" em todos os aviões Boeing 737-800 operados pelas companhias aéreas do país. A medida foi tomada um dia após a queda de um desses aviões, que resultou na morte de 179 das 181 pessoas a bordo durante um pouso em Muan, no sudoeste da Coreia do Sul.
O acidente ocorreu na manhã de domingo (29), quando a aeronave, pertencente à companhia de baixo custo Jeju Air, colidiu com um muro após aterrissar de barriga, sem conseguir acionar o trem de pouso. Imagens do incidente, que rapidamente se espalharam pelas redes sociais, mostram o avião se aproximando da pista com fumaça saindo dos motores, antes de se chocar contra a estrutura e ser consumido pelas chamas.
As autoridades sul-coreanas, juntamente com investigadores norte-americanos, estão analisando as causas da tragédia, que inicialmente foi atribuída a uma colisão com aves. O vice-ministro da Aviação, Joo Jong-wan, informou que a inspeção dos 101 aviões do mesmo modelo será minuciosa e se concentrará em relatórios de manutenção de sistemas cruciais, como motores e trens de pouso. O processo deverá ser concluído até o dia 3 de janeiro.
As primeiras análises indicam que a colisão com aves pode ter danificado os sistemas elétricos da aeronave, impossibilitando o acionamento do trem de pouso, que depende de eletricidade para funcionar. Kim Kwang-il, professor de ciências aeronáuticas da Universidade de Silla e ex-piloto, destacou que a situação se agravou devido à presença de um muro no final da pista, uma infração aos padrões de segurança internacionais, que normalmente proíbem obstáculos sólidos nessa área.
O acidente é considerado a pior tragédia aérea da história da Coreia do Sul. O presidente interino, Choi Sang-mok, visitou o local do acidente e participou de um memorial em homenagem às vítimas. O país entrou em luto nacional de sete dias, com bandeiras a meio-mastro e um forte apelo por apoio às famílias enlutadas.
Até o momento, 146 das 179 vítimas foram identificadas por meio de análises de DNA e impressões digitais. Os passageiros, com idades variando entre 3 e 78 anos, eram em sua maioria sul-coreanos, com exceção de dois tailandeses. Familiares das vítimas aguardam notícias em tendas montadas no aeroporto, demonstrando a angústia e a incerteza diante da tragédia.
Além do acidente em Muan, outro Boeing 737-800 da Jeju Air enfrentou problemas no trem de pouso na manhã desta segunda-feira, mas conseguiu retornar ao aeroporto de Gimpo, em Seul, sem maiores incidentes. A companhia aérea, que até então não havia registrado acidentes fatais, expressou suas sinceras desculpas pelo ocorrido e está colaborando com as investigações.
O setor de aviação sul-coreano é amplamente reconhecido por sua segurança, e tragédias dessa magnitude são extremamente raras. O acidente mais mortal anterior ocorreu em 2002, quando um Boeing 767 da Air China caiu, resultando na morte de 129 pessoas.
As investigações continuam, e as autoridades estão comprometidas em esclarecer as circunstâncias que levaram a essa tragédia e garantir a segurança dos voos no país.
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