Estatais brasileiras enfrentam rombo recorde de R$ 9 bilhões até novembro de 2024
Dados do Banco Central revelam déficit histórico, com impacto nas contas públicas e investimentos futuros
As empresas estatais brasileiras devem registrar um rombo recorde de R$ 9,1 bilhões até novembro de 2024, conforme divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, 30. Este valor representa o maior déficit já registrado na série histórica da autoridade monetária, que teve início em 2002.
O déficit é composto por R$ 6,04 bilhões provenientes das estatais federais e R$ 3,17 bilhões das estaduais. As estatais municipais, por sua vez, apresentaram um superávit de R$ 103 milhões no mesmo período. O Banco Central exclui da análise a Petrobras e instituições financeiras como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que possuem regras diferenciadas.
Os dados revelam que, somente em novembro, as estatais acumularam um déficit de R$ 1,6 bilhão. No total, o prejuízo acumulado no ano chega a R$ 6 bilhões, o que indica uma tendência de crescimento dos déficits nos próximos meses. Entre as empresas que mais contribuíram para esse resultado negativo estão a Emgepron, com um prejuízo de R$ 2,5 bilhões, e os Correios, que registraram um déficit de R$ 2,2 bilhões.
O Ministério da Gestão e Inovação, responsável pela supervisão das estatais, emitiu uma nota em novembro explicando que os gastos refletem a “materialização de investimentos”. A pasta argumenta que a análise do déficit deve considerar também os recursos disponíveis em caixa provenientes de receitas de anos anteriores, ressaltando que o déficit não é o único indicador relevante para avaliar a saúde financeira das empresas estatais.
Além disso, o ministério destacou que as estatais lucrativas não dependem exclusivamente de recursos do Tesouro Nacional para suas operações, mas recebem aportes para projetos de longo prazo. Essa estratégia visa estimular o crescimento econômico e gerar receitas futuras, embora possa resultar em déficits nos anos subsequentes.
O governo federal tem enfatizado que a comparação entre receitas e despesas de um único ano não é um parâmetro adequado para avaliar o desempenho das estatais. A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, afirmou que “nenhuma empresa é medida apenas por isso”, referindo-se à necessidade de considerar o contexto financeiro mais amplo das empresas públicas.
O cenário atual levanta preocupações sobre a sustentabilidade das contas públicas, uma vez que o aumento do déficit pode exigir recursos adicionais para cobrir as despesas, impactando áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. A situação é ainda mais crítica considerando que o déficit acumulado do setor público consolidado, que inclui estados e municípios, também apresenta números alarmantes.
Com o fechamento do ano se aproximando, a expectativa é que o governo busque alternativas para mitigar os efeitos desse rombo nas contas públicas, garantindo que os investimentos necessários para o desenvolvimento do país não sejam comprometidos.
A análise dos dados do Banco Central e as declarações do Ministério da Gestão e Inovação indicam que, apesar dos déficits, o governo continua a priorizar investimentos em áreas estratégicas, embora a necessidade de um equilíbrio fiscal se torne cada vez mais urgente.
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