Vírus Epstein-Barr atinge cerca de 90% da população mundial e é transmitido pela saliva.
31 de Dezembro de 2024 às 13h55

Mononucleose infecciosa: entenda a alta transmissibilidade e os sintomas da doença do beijo

Vírus Epstein-Barr atinge cerca de 90% da população mundial e é transmitido pela saliva.

A mononucleose infecciosa, conhecida popularmente como “doença do beijo”, é provocada pelo vírus Epstein-Barr (EBV). Este vírus é responsável por uma infecção que afeta aproximadamente 90% da população mundial em algum momento da vida, conforme dados do Ministério da Saúde.

A principal forma de transmissão do EBV ocorre pela saliva, o que justifica o nome popular da doença. No entanto, a contaminação também pode ocorrer através de espirros, tosse e até mesmo conversas próximas, especialmente em períodos de maior interação social, como festas de fim de ano e carnaval.

O infectologista Rodrigo Molina, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), destaca que “trata-se de uma infecção bastante comum, especialmente durante a adolescência”. O vírus pertence à mesma família do herpes simples e é mais frequente entre jovens de 15 a 25 anos, embora possa afetar pessoas de todas as idades.

Após a infecção, o vírus invade as células que revestem a garganta e o nariz, provocando a proliferação de glóbulos brancos conhecidos como células mononucleares, o que dá origem ao nome da doença. O período de incubação do EBV varia de três a oito semanas até o surgimento dos sintomas, sendo que muitos casos podem ser assintomáticos.

Os sintomas mais comuns da mononucleose incluem dor de garganta intensa, febre, mal-estar, aumento dos linfonodos (as chamadas “ínguas”) e inflamação das amígdalas. Esses sinais podem ser confundidos com uma amigdalite bacteriana, mas não respondem ao tratamento com antibióticos. Além disso, a pessoa infectada pode apresentar inchaço ao redor dos olhos e manchas pelo corpo.

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Em casos mais graves, o vírus pode afetar o fígado e o baço, levando ao aumento desses órgãos e causando dor abdominal. Embora complicações severas, como o rompimento do baço ou comprometimento do sistema nervoso central, sejam raras, elas representam menos de 1% dos casos, conforme afirma Molina.

É importante ressaltar que a mononucleose não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). O compartilhamento de utensílios como copos e talheres também pode resultar na transmissão do EBV. Após o primeiro contato com o vírus, o organismo desenvolve imunidade, embora o vírus possa permanecer latente nas células.

O diagnóstico da mononucleose é realizado clinicamente, com base nos sintomas apresentados pelo paciente, e pode ser complementado por exames laboratoriais que detectam a presença de anticorpos contra o EBV. Devido à semelhança dos sintomas com outras doenças, é crucial buscar orientação médica ao notar os sinais.

Atualmente, não existe um tratamento específico para a mononucleose, que geralmente se resolve espontaneamente em até duas semanas. O foco do tratamento é aliviar os sintomas e proporcionar conforto ao paciente. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de corticoides para controlar a inflamação. A recuperação completa pode levar semanas, e a sensação de cansaço residual pode persistir por algum tempo.

A prevenção da mononucleose é desafiadora, uma vez que o vírus pode ser transmitido mesmo na ausência de sintomas e não há vacinas disponíveis. No entanto, algumas medidas podem ajudar a reduzir os riscos de contaminação, como evitar o contato direto com pessoas infectadas, não compartilhar objetos pessoais e manter uma boa higiene das mãos.

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