Vivek Murthy destaca que o álcool é responsável por 100 mil casos de câncer anualmente e defende a modernização dos rótulos.
03 de Janeiro de 2025 às 16h00

Autoridade de saúde dos EUA pede inclusão de alerta sobre câncer em rótulos de bebidas

Vivek Murthy destaca que o álcool é responsável por 100 mil casos de câncer anualmente e defende a modernização dos rótulos.

A principal autoridade de saúde dos Estados Unidos, o cirurgião-geral Vivek Murthy, solicitou nesta sexta-feira (3) que os rótulos das bebidas alcoólicas incluam advertências sobre o risco de câncer associado ao seu consumo. Murthy também instou uma reavaliação dos limites diários de ingestão de álcool, considerando os riscos à saúde que a substância pode acarretar.

A relação entre o consumo de álcool e o câncer é reconhecida desde a década de 1980, e novas evidências têm surgido para reforçar essa conexão. Em comunicado, Murthy afirmou: “O álcool é uma causa de câncer bem estabelecida e evitável, responsável por cerca de 100.000 casos de câncer e 20.000 mortes anualmente nos Estados Unidos”. Este número é alarmante, especialmente quando comparado às aproximadamente 13.500 mortes anuais resultantes de acidentes de trânsito relacionados ao álcool.

Murthy enfatizou que a maioria da população americana não está ciente desse risco, o que torna urgente a necessidade de campanhas de educação pública. Atualmente, o rótulo de advertência, que foi introduzido em 1988, apenas informa que “as mulheres não devem consumir bebidas alcoólicas durante a gravidez devido ao risco de malformações congênitas” e que “o consumo de bebidas alcoólicas pode reduzir a capacidade de dirigir ou operar máquinas e pode causar problemas de saúde”.

O cirurgião-geral pediu ao Congresso que atualize esses rótulos para incluir informações sobre o risco de câncer, seguindo o exemplo de países como Coreia do Sul e Irlanda, que já implementaram mudanças semelhantes.

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O consumo de álcool está associado a pelo menos sete tipos de câncer, incluindo mama, colorretal, fígado, boca, garganta, esôfago e laringe. Para o câncer de mama, o álcool é responsável por 16,4% de todos os casos diagnosticados. A conscientização pública sobre esses riscos é considerada insuficiente; uma pesquisa realizada em 2019 revelou que apenas 45% dos americanos reconhecem o álcool como um fator de risco para câncer, em contraste com 91% que identificam os perigos da radiação e 89% do tabaco.

Além disso, o novo relatório questiona as diretrizes alimentares dos Estados Unidos, que recomendam um limite de duas doses diárias de bebidas alcoólicas para homens e uma para mulheres. É preocupante que 17% das mortes por câncer relacionadas ao álcool ocorram entre pessoas que se mantêm dentro desses limites, o que sugere a necessidade de uma revisão dessas recomendações.

Os profissionais de saúde também têm um papel crucial na orientação dos pacientes sobre os riscos associados ao consumo de álcool, conforme destacado no relatório. O álcool contribui para o desenvolvimento do câncer por meio de quatro mecanismos principais: é metabolizado em acetaldeído, que pode danificar o DNA; induz estresse oxidativo, prejudicando DNA, proteínas e células; altera os níveis hormonais, incluindo os estrogênios; e aumenta a absorção de carcinógenos, como os presentes no tabaco.

As implicações dessa recomendação vão além da saúde pública, afetando também a indústria de bebidas alcoólicas, que pode enfrentar uma pressão crescente para reformular seus produtos e marketing. A inclusão de advertências sobre câncer nos rótulos pode ser um passo importante para aumentar a conscientização e reduzir os riscos associados ao consumo de álcool.

O debate sobre os riscos do álcool e a necessidade de informações claras e acessíveis para o público continua a ser um tema relevante nas discussões de saúde pública nos Estados Unidos.

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