Justin Trudeau anuncia renúncia ao cargo de primeiro-ministro do Canadá após crise política

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou nesta segunda-feira (6) sua decisão de renunciar ao cargo, encerrando quase uma década à frente do governo canadense. A decisão ocorre em meio a uma crise política que se intensificou nas últimas semanas, com crescente pressão de membros de seu próprio partido, o Partido Liberal.

Trudeau, que assumiu o cargo em 2015, afirmou que deixará a liderança do partido e do governo assim que um novo líder for escolhido. “Os canadenses merecem uma verdadeira escolha nas próximas eleições”, declarou o premiê durante um pronunciamento em Ottawa. Ele ressaltou que, após conversas com sua família, ficou claro que não poderia ser a melhor opção para liderar o país em um momento de tantas dificuldades internas.

A crise política que culminou na renúncia de Trudeau foi acentuada pela saída da ministra das Finanças, Chrystia Freeland, que deixou o cargo após desavenças com o primeiro-ministro sobre a gestão econômica do país e a resposta às ameaças de tarifas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Freeland, que era considerada uma das principais aliadas de Trudeau, expressou em sua carta de demissão que o governo enfrentava um “desafio grave” e que a abordagem de Trudeau não era a mais adequada.

Nos últimos meses, a popularidade de Trudeau caiu drasticamente, com pesquisas mostrando que o Partido Conservador, principal oposição, está à frente nas intenções de voto. A insatisfação da população se deve, em parte, ao aumento do custo de vida e à inflação, que afetaram a vida cotidiana dos canadenses.

Com a renúncia, o Partido Liberal se vê em uma situação delicada, pois terá que escolher um novo líder em um curto espaço de tempo, especialmente com as eleições federais marcadas para outubro de 2025. A falta de um líder permanente pode dificultar a estratégia do partido para se reerguer nas próximas eleições.

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Trudeau, que foi reeleito duas vezes, destacou que sua decisão de renunciar foi motivada pela necessidade de um novo começo para o Partido Liberal, que enfrenta um cenário desafiador. “Ficou claro para mim nas batalhas internas que não serei eu quem carregará essa responsabilidade”, afirmou o primeiro-ministro.

A saída de Trudeau ocorre em um contexto de crescente tensão entre o Canadá e os Estados Unidos, especialmente com as ameaças de Trump de impor tarifas sobre produtos canadenses. O primeiro-ministro havia buscado estabelecer uma relação de cooperação com o governo americano, mas a situação se complicou com as recentes declarações do presidente eleito.

O Partido Liberal, que atualmente não possui a maioria no Parlamento, dependerá do apoio de outros partidos para continuar governando. No entanto, o líder do Novo Partido Democrático, Jagmeet Singh, já deixou claro que seu partido não apoiará mais o governo de Trudeau, o que pode levar a uma crise de governabilidade.

Trudeau, que se tornou um dos primeiros-ministros mais longevos do Canadá, enfrentou uma série de desafios durante seu mandato, incluindo questões relacionadas à imigração, mudanças climáticas e a pandemia de Covid-19. Sua renúncia marca um ponto de virada na política canadense, que agora se prepara para uma nova fase de incertezas.

O futuro do Partido Liberal e do governo canadense agora depende da escolha de um novo líder que possa restaurar a confiança do eleitorado e enfrentar os desafios que se aproximam, especialmente com a iminente eleição e as tensões com os Estados Unidos.