IBGE anuncia mudanças na diretoria de pesquisas em meio a tensões internas
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) promove trocas na liderança em meio a críticas à gestão de Marcio Pochmann.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou, nesta segunda-feira, 6, mudanças significativas em sua diretoria de pesquisas. Gustavo Junger da Silva foi nomeado como novo diretor do setor, substituindo Elizabeth Belo Hypolito, enquanto Vladimir Gonçalves Miranda assume a diretoria-adjunta no lugar de João Hallak Neto. A transição oficial das funções está prevista para a próxima semana.
Gustavo Junger, que integra o IBGE desde 2006, atualmente ocupa o cargo de coordenador técnico do Censo Demográfico. Vladimir Miranda, por sua vez, está no instituto desde 2010 e atua na gerência de planejamento conceitual. A presidência do IBGE expressou agradecimentos a Elizabeth Hypolito e João Hallak pelos serviços prestados, ressaltando que ambos continuarão a colaborar com o instituto e a diretoria de pesquisas.
Essas mudanças ocorrem em um contexto de críticas à gestão de Marcio Pochmann, que assumiu a presidência do IBGE em agosto de 2023, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A administração de Pochmann já enfrentou controvérsias, incluindo o lançamento de um mapa-múndi com erros no 9º Atlas Geográfico Escolar, que continha equívocos sobre períodos geológicos e que posteriormente foram corrigidos.
Além disso, há uma resistência significativa entre os trabalhadores em relação à atuação de Pochmann. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (AssIBGE) o acusa de “autoritarismo” e de promover poucos diálogos sobre o planejamento de mudanças. A gestão também enfrenta críticas relacionadas a propostas de alteração no estatuto do IBGE e à criação da fundação IBGE+, que buscaria parcerias com a iniciativa privada. Funcionários temem que essas medidas comprometam a autonomia e as condições de trabalho no órgão, levando a uma greve de 24 horas em 15 de outubro.
Pochmann defendeu sua gestão, afirmando que as mudanças visam promover “o maior diálogo da história do órgão”. No entanto, ele continua a receber críticas por suposto aparelhamento e viés ideológico. Em 27 de dezembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro contestou a taxa de desemprego do IBGE, classificando-a como “uma mentira”. A taxa no trimestre encerrado em novembro foi de 6,1%, a menor desde 2012.
As mudanças na diretoria do IBGE refletem um momento delicado para a instituição, que busca se reestruturar em meio a um cenário de insatisfação interna. A falta de comunicação entre a presidência e os servidores tem sido um ponto central nas críticas, evidenciando a necessidade de um diálogo mais efetivo para a resolução de conflitos.
Enquanto isso, o IBGE segue sua rotina de pesquisas e levantamentos, essenciais para a formulação de políticas públicas e para a compreensão da realidade socioeconômica do Brasil. A expectativa é que as novas nomeações tragam uma nova dinâmica ao órgão, contribuindo para a superação das tensões atuais.
O futuro do IBGE dependerá não apenas das mudanças na diretoria, mas também da capacidade de Pochmann em lidar com as críticas e promover um ambiente de trabalho mais colaborativo e transparente.
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