Incêndios na Califórnia podem causar prejuízos históricos de até US$ 57 bilhões
Com chamas consumindo áreas de alto valor, danos totais podem superar US$ 50 bilhões, afetando o mercado de seguros.
Os incêndios florestais que devastam a Califórnia, especialmente em Los Angeles, estão se configurando como uma das maiores crises econômicas da história dos Estados Unidos. Estimativas preliminares da AccuWeather Inc. indicam que os danos totais podem variar entre US$ 52 bilhões e US$ 57 bilhões, o que representa um impacto sem precedentes para a região.
Desde o início dos incêndios, que começaram na noite da última terça-feira, 7, pelo menos cinco pessoas perderam a vida, e as autoridades temem que esse número aumente à medida que as chamas continuam a se espalhar. Mais de mil estruturas, a maioria residenciais, já foram consumidas pelo fogo, que se alastrou por áreas como Santa Monica e Malibu, conhecidas por abrigar algumas das propriedades mais caras do país.
A situação se torna ainda mais crítica em bairros como Pacific Palisades, um subúrbio de Los Angeles famoso entre celebridades, onde muitos moradores enfrentam a falta de cobertura de seguro. As seguradoras têm se recusado a oferecer apólices para propriedades nessas zonas, elevando a preocupação entre os residentes.
As estimativas de perdas seguradas variam, mas analistas apontam que os custos podem chegar a até US$ 20 bilhões apenas para as seguradoras. A agência de classificação de risco Moody’s destacou que as perdas podem ser ainda maiores, considerando o valor das residências e empresas nas áreas afetadas.
O impacto econômico dos incêndios não se limita apenas às perdas materiais. O turismo e a saúde pública também estão sendo afetados, com turistas deixando a região devido à inalação de fumaça e ao risco de novos incêndios. As evacuações já afetam cerca de 130 mil pessoas, e novos focos de incêndio surgem diariamente, complicando ainda mais a situação.
Além disso, o mercado de seguros residenciais na Califórnia enfrenta uma crise crescente. Nos últimos anos, as seguradoras tradicionais têm reduzido suas operações no estado, alegando aumento dos custos relacionados a desastres naturais e regulamentações rigorosas de preços. A State Farm, uma das principais fornecedoras de seguros, anunciou cortes significativos em apólices, citando a inflação e a exposição a catástrofes como razões para essa decisão.
A experiência de muitos moradores, como a de Lynne Levin-Guzman, que tentou proteger a casa de seus pais com uma mangueira de jardim, ilustra a gravidade da situação. “Eles vivem nesta casa há 75 anos e sempre tiveram o mesmo seguro, mas essas empresas decidiram cancelar o seguro contra incêndios”, afirmou Lynne em entrevista.
O problema das apólices canceladas tem forçado alguns proprietários a ficarem sem seguro contra incêndios ou a recorrerem ao California Fair, um programa criado pelo estado que, embora seja uma alternativa, oferece prêmios mais altos e cobertura inferior em comparação aos seguros tradicionais.
Recentemente, o Departamento de Seguros da Califórnia anunciou novas regulamentações para incentivar seguradoras privadas a emitirem apólices em áreas propensas a incêndios. No entanto, críticos argumentam que essas mudanças podem resultar em aumentos significativos nas taxas, o que afetaria ainda mais os proprietários.
Os danos totais e as perdas econômicas causadas pelos incêndios em Los Angeles, que incluem prejuízos não segurados e impactos econômicos indiretos, como salários perdidos e interrupções na cadeia de suprimentos, devem ser os mais altos da história da Califórnia e dos EUA. Espera-se que seguradoras globais paguem mais de US$ 135 bilhões por catástrofes naturais em 2024, conforme um relatório do Swiss Re Institute.
À medida que a situação se desenrola, a Califórnia continua a enfrentar desafios significativos relacionados aos incêndios florestais, que exigem atenção urgente e soluções eficazes para mitigar os impactos econômicos e sociais.
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