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Prefeito de Moraújo (CE) nomeia noiva, pai e primo para secretarias
Ruan Lima, prefeito de Moraújo (CE), enfrenta críticas por nomeações familiares em cargos públicos.
O prefeito de Moraújo, município localizado a 278 km de Fortaleza, Ruan Lima (PSD), está no centro de uma controvérsia após nomear sua noiva, pai e primo para cargos de destaque na administração municipal. As nomeações, realizadas no último dia 1º, geraram críticas e levantaram questões sobre nepotismo, uma prática considerada inaceitável em uma democracia.
Letícia Luna Osterno, noiva de Ruan e estudante de medicina, foi escolhida para liderar a Secretaria de Saúde. Alex Lima, pai do prefeito, assumiu a Secretaria de Relações Institucionais, enquanto Marcos Aurélio, primo de Ruan, ficou responsável pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário. Durante a cerimônia de posse, o prefeito afirmou que optou por “pessoas técnicas” para a gestão, mas a falta de experiência de Letícia na área da saúde tem sido um ponto de discórdia.
Letícia, que ainda está no internato da faculdade de medicina, declarou em suas redes sociais que pretende exercer sua função “com maestria e dedicação”, ressaltando a importância da saúde na gestão pública. No entanto, críticos questionam se a escolha foi realmente baseada em competência ou se reflete uma prática de nepotismo.
O Supremo Tribunal Federal (STF) possui uma Súmula Vinculante que proíbe a nomeação de cônjuges e parentes até o terceiro grau para cargos públicos, mas a Corte permite exceções para cargos de natureza política, desde que os nomeados possuam as qualificações necessárias. Alberto Rollo, especialista em Direito Eleitoral, comentou que “não é porque pode nomear que vai sair chamando qualquer pessoa e levando apenas o parentesco em consideração”.
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As nomeações de Ruan Lima foram justificadas com base na confiança e na experiência dos escolhidos. O prefeito se referiu a seu pai como “braço direito” e destacou sua experiência no setor privado e nas relações políticas. Alex Lima, por sua vez, afirmou que buscará atrair projetos e recursos dos governos estadual e federal para o município.
Em 2024, o governo federal destinou R$ 5,8 milhões ao Fundo Municipal de Saúde de Moraújo, recursos que serão utilizados para melhorar a atenção primária e a assistência farmacêutica. O município, que possui 11 unidades de saúde, enfrenta desafios significativos, incluindo altos índices de mortalidade infantil e um PIB per capita considerado um dos piores do estado.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que Moraújo ocupa a 31ª posição entre os 184 municípios do Ceará em mortalidade infantil, com um índice de 17,54 mortes por mil recém-nascidos. O PIB per capita da cidade foi estimado em R$ 8.555,95 em 2021, um dos mais baixos do estado, contrastando com municípios como São Gonçalo do Amarante, que apresenta um PIB per capita 20 vezes maior.
A situação de nepotismo em Moraújo levanta preocupações sobre a transparência e a ética na administração pública. A prática de nomear familiares para cargos de confiança pode comprometer a confiança da população nas instituições e na governança local. A gestão de Ruan Lima, que começou em janeiro de 2025, terá que lidar com essas críticas e demonstrar que as nomeações foram feitas com base em critérios técnicos e não apenas em laços familiares.
O futuro da administração de Moraújo e a eficácia das políticas públicas na área da saúde e em outras áreas essenciais dependerão da capacidade do prefeito em justificar suas escolhas e garantir que a população receba os serviços de que necessita, sem a influência de interesses pessoais.
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