Com 3.620 alertas emitidos, o ano de 2024 marca o maior número desde 2011; Petrópolis e Salvador estão entre as cidades mais afetadas.
10 de Janeiro de 2025 às 17h42

Brasil registra recorde de alertas de desastres naturais em 2024, aponta Cemaden

Com 3.620 alertas emitidos, o ano de 2024 marca o maior número desde 2011; Petrópolis e Salvador estão entre as cidades mais afetadas.

O Brasil enfrentou em 2024 um aumento alarmante no número de alertas de desastres naturais, totalizando 3.620 registros, o maior desde o início das atividades do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em 2011. Este crescimento reflete um cenário preocupante, onde as ocorrências de calamidades também aumentaram, com 1.690 eventos registrados, o terceiro maior índice da série histórica.

Os dados, divulgados recentemente, indicam que cerca de 53% dos alertas emitidos foram relacionados a riscos geológicos, como deslizamentos de terra, enquanto 47% envolveram riscos hidrológicos, como transbordamentos de rios e enxurradas. O Cemaden destaca que a predominância de eventos hidrológicos em 2024 está diretamente ligada a enchentes e enxurradas, especialmente em áreas urbanas vulneráveis.

As regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador foram as mais afetadas, com um número significativo de alertas e ocorrências. No ranking dos municípios com maior número de alertas, Manaus lidera com 50, seguida por Belo Horizonte e São Paulo, ambas com 41. Em termos de ocorrências de desastres, Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, se destaca com 44 registros, seguida por Salvador, com 33, e São Paulo, com 27.

O geógrafo Rafael Luiz, do Cemaden, explica que o aumento dos alertas e desastres está ligado a dois fatores principais: “Aumento do número de eventos extremos de chuva, associado também ao constante processo de vulnerabilização da população urbana. É o aumento do número de pessoas morando em áreas de risco.”

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Um exemplo claro dessa vulnerabilidade é a comunidade da Fazendinha, localizada na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. A área é frequentemente afetada por deslizamentos e enchentes, que invadem as casas e causam danos significativos. Silvana Feitosa, uma moradora da região, relata: “É época de chuva forte, alaga, ninguém consegue ir ao posto de saúde, ninguém consegue levar as crianças para a escola, nada.”

As promessas de obras para a canalização do córrego Beira Rio, que corta a comunidade, ainda não foram cumpridas. Rodrigo Olegário, líder comunitário, ressalta a necessidade urgente de um projeto de urbanização: “Aqui tem que ser feito um projeto de urbanização, primeiramente, a canalização desse córrego. Depois, adequação de moradia para as pessoas para dar uma moradia para eles. É falta de planejamento para a cidade.”

O Cemaden alerta que, se não forem implementadas políticas habitacionais e sociais que promovam a segurança da população vulnerável, o número de pessoas afetadas por desastres pode aumentar significativamente. Rafael Luiz enfatiza: “Infelizmente, se nada for feito a médio e curto prazo, vamos ver cada vez mais pessoas sofrendo impactos, sejam eles diretos ou indiretos.”

A Prefeitura de São Paulo anunciou que até março de 2025 haverá uma licitação para obras de canalização e contenção de encostas no córrego mencionado. Além disso, a escola de ensino fundamental da região também passará por reformas, embora ainda não haja um prazo definido para a conclusão das obras.

O cenário de desastres naturais no Brasil é um reflexo das mudanças climáticas e da urbanização desordenada, que colocam em risco a vida de milhares de pessoas. O aumento no número de alertas e ocorrências é um sinal claro da necessidade de ações efetivas e urgentes para mitigar os impactos desses eventos extremos.

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