O uso excessivo de dispositivos móveis afeta a saúde mental; especialistas oferecem dicas para equilíbrio.
13 de Janeiro de 2025 às 15h51

Brasileiros passam mais de 9h por dia no telefone; veja como reduzir esta dependência

O uso excessivo de dispositivos móveis afeta a saúde mental; especialistas oferecem dicas para equilíbrio.

Os brasileiros estão passando, em média, 9 horas e 13 minutos por dia conectados à internet, o que coloca o país como o segundo no mundo em tempo de uso, atrás apenas da África do Sul, que registra 9 horas e 24 minutos. Quando se trata do uso de redes sociais, o Brasil ocupa a terceira posição global, com usuários dedicando cerca de 3 horas e 37 minutos diariamente a essas plataformas. Esses dados são do Relatório Digital 2024, elaborado pela We Are Social e Meltwater, e evidenciam uma rotina hiperconectada que requer atenção para evitar a dependência das redes sociais.

O termo “brain rot”, que se refere à deterioração do estado mental devido ao consumo excessivo de conteúdo online de baixa qualidade, foi escolhido como a palavra do ano de 2024 pelo Dicionário Oxford. O aumento de 230% no uso dessa expressão entre 2023 e 2024 reflete a crescente preocupação com os efeitos negativos da superexposição digital, especialmente nas redes sociais.

De acordo com Vagner Vinicius de Araújo, psicólogo da rede de clínicas AmorSaúde, a dependência das redes sociais é uma condição complexa que pode prejudicar a saúde mental de diversas maneiras. Os sinais incluem preocupação excessiva com as redes, uso compulsivo, negligência de atividades importantes, mudanças de humor e problemas de sono, além de diminuição da autoestima e sintomas físicos.

“A busca incessante por validação online, a comparação constante com outros usuários e a falta de reconhecimento podem gerar sentimentos de inadequação e ansiedade, fatores que estão associados à depressão”, explica Araújo. Ele destaca que a dependência ativa o sistema de dopamina no cérebro, reforçando comportamentos compulsivos e criando um ciclo vicioso. “O imediatismo, característico das redes sociais, sobrecarrega o cérebro com estímulos constantes e superficiais, dificultando a concentração e a reflexão profunda”, complementa.

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Um relatório do Instituto Cactus e da AtlasIntel revela que 36,9% dos brasileiros que passam 3 horas ou mais por dia nas redes sociais têm diagnóstico de ansiedade. Araújo alerta que, a longo prazo, não controlar o uso das redes pode resultar em problemas como ansiedade, depressão, baixa autoestima, distúrbios do sono, isolamento social e até doenças físicas, como problemas cardíacos e obesidade.

A gratificação imediata proporcionada pelas redes sociais favorece a superficialidade nas relações interpessoais. “As interações rápidas, como curtidas e comentários breves, substituem conversas mais profundas, essenciais para a construção de vínculos genuínos. Essa superficialidade pode enfraquecer os laços sociais e afetivos”, afirma o psicólogo.

Além disso, a comparação constante com outras pessoas nas redes sociais pode gerar insatisfação e prejudicar a autoestima. “Nas redes, as pessoas compartilham os melhores momentos de suas vidas, o que pode criar expectativas irreais sobre o que é uma ‘vida perfeita’”, diz Araújo.

Para reduzir a dependência das redes sociais e minimizar os efeitos do imediatismo, Araújo sugere ações simples que podem ser implementadas no dia a dia. Entre as recomendações estão: estabelecer limites de tempo para o uso das redes, desativar notificações não essenciais, criar zonas livres de tecnologia, substituir o tempo online por atividades offline, e buscar apoio de amigos e familiares para fortalecer o compromisso com a redução do uso.

O psicólogo ressalta que a diferença entre um uso saudável e a dependência das redes sociais está na forma como o indivíduo se engaja nas plataformas. “O uso saudável é caracterizado por controle, consciência e objetivos claros, enquanto a dependência se manifesta pela perda de controle e impactos negativos no bem-estar”, conclui Araújo.

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