Lua é incluída pela primeira vez na lista de patrimônios culturais ameaçados
Fundo Mundial de Monumentos alerta sobre riscos de saques e danos em artefatos lunares devido a missões comerciais
A Lua, o único satélite natural da Terra, foi adicionada pela primeira vez à lista de patrimônios culturais ameaçados pelo World Monuments Fund (WMF). A inclusão ocorre em meio a crescentes preocupações sobre possíveis danos causados por missões comerciais e governamentais planejadas para o espaço.
De acordo com a presidente do WMF, Bénédicte de Montlaur, a decisão de incluir a Lua na lista se deve aos “crescentes riscos decorrentes das atividades lunares aceleradas”, que estão sendo realizadas sem protocolos adequados de preservação. Montlaur destacou a importância de reconhecer e proteger artefatos históricos, como a câmera que registrou o primeiro pouso na Lua e um disco memorial deixado pelos astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin.
“Proteger a herança lunar evitará danos resultantes da aceleração das atividades privadas e governamentais no espaço, garantindo que esses artefatos perdurem para as gerações futuras”, afirmou Montlaur em entrevista ao Art Newspaper.
A preocupação com a preservação da Lua surge em um momento em que o interesse humano por sua exploração tem se intensificado. Recentemente, a SpaceX, empresa de Elon Musk, lançou dois módulos lunares para preparar futuras missões. Além disso, viagens comerciais à Lua são esperadas após a missão Artemis III da NASA, programada para 2027, que marcará o primeiro pouso tripulado no satélite desde a década de 1970.
O WMF divulgou sua lista de patrimônios ameaçados, que inclui 25 locais em risco, como as regiões de Antakya, na Turquia, e a península de Noto, no Japão, ambas devastadas por terremotos. A lista também abrange áreas vulneráveis à erosão costeira, como a costa suaíli da África, e o tecido urbano histórico de Gaza, afetado pela guerra.
Montlaur enfatizou que a inclusão da Lua na lista reflete a necessidade urgente de reconhecer e preservar os artefatos que testemunham os primeiros passos da humanidade além da Terra. “Itens como a câmera que capturou o pouso televisionado na Lua e outros objetos emblemáticos são parte desse legado”, acrescentou.
O documento do WMF, o primeiro desde 2022, também menciona outros locais que enfrentam ameaças, como o sistema viário Inca Qhapaq Ñan e as pinturas rupestres do parque estadual Monte Alegre, na Amazônia brasileira. A organização alerta que muitos desses locais estão em zonas de conflito ou são vulneráveis às mudanças climáticas.
A crescente exploração espacial e o aumento do turismo lunar levantam questões sobre como proteger o patrimônio cultural no espaço. Montlaur ressaltou a importância de estabelecer mecanismos internacionais para salvaguardar a paisagem cultural lunar, a fim de garantir que esses artefatos históricos sejam preservados para futuras gerações.
O reconhecimento da Lua como patrimônio cultural ameaçado destaca a necessidade de estratégias proativas e cooperativas para proteger o legado da exploração espacial. A preservação desses artefatos não é apenas uma questão de conservação, mas também de respeito pela história da humanidade e suas conquistas.
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