Justiça do Rio Grande do Sul autoriza Nego Di a residir em Santa Catarina
O humorista, réu por estelionato, obteve permissão para se mudar após ser preso em julho de 2024
A Justiça do Rio Grande do Sul concedeu autorização ao humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, para residir em Santa Catarina. O influenciador, que é réu em um processo de estelionato, estava preso em Jurerê Internacional, Florianópolis, desde julho de 2024.
De acordo com informações do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a decisão que permite a mudança de estado foi proferida em 19 de dezembro de 2024. A advogada de Nego Di, Camila Kersch, afirmou que o humorista já havia se mudado para Florianópolis antes de sua prisão e que agora comunicou ao juízo de Canoas, no Rio Grande do Sul, seu novo endereço, cumprindo assim a determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Nego Di foi preso em julho de 2024, acusado de um esquema envolvendo a não entrega de produtos vendidos em uma loja virtual da qual era sócio. A investigação, conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP), revelou que aproximadamente 370 clientes teriam sofrido um prejuízo total de cerca de R$ 5 milhões.
Após mais de quatro meses detido, Nego Di foi solto em 27 de novembro de 2024, após a 5ª Turma do STJ decidir, por unanimidade, manter sua liberdade provisória. Os ministros analisaram um pedido de habeas corpus e concordaram com a decisão anterior do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, que havia determinado a soltura do humorista.
Durante um interrogatório realizado em outubro, enquanto ainda estava preso na Penitenciária Estadual de Canoas, Nego Di atribuiu a responsabilidade pelo caso ao seu sócio, Anderson Boneti. Em seu depoimento, o humorista declarou: “Eu só quero pagar as pessoas e resolver a minha vida”.
O MP, por sua vez, optou por não se manifestar sobre o processo em andamento. A defesa de Boneti, no entanto, contestou a tese de Nego Di, afirmando que a responsabilidade não poderia ser atribuída apenas a seu cliente, uma vez que as provas coletadas durante a instrução contradizem essa alegação.
Após a soltura, Nego Di foi submetido a uma série de medidas cautelares, que incluem a proibição de mudar de endereço sem autorização judicial, a obrigação de comparecer periodicamente em juízo e a restrição de uso das redes sociais. Além disso, o humorista teve que entregar seu passaporte às autoridades.
As primeiras horas de liberdade de Nego Di foram marcadas por uma confraternização com amigos e familiares, incluindo uma roda de samba e um churrasco, conforme registrado em publicações nas redes sociais de sua esposa, Gabriela Sousa. As advogadas do humorista também participaram da celebração.
Entretanto, o MP está analisando se Nego Di violou as condições de sua liberdade ao aparecer em postagens nas redes sociais, o que poderia resultar em uma advertência judicial. A Justiça já emitiu uma advertência ao influenciador por essa possível infração, e a advogada Tatiana Borsa, que estava à frente de sua defesa, foi demitida após a divulgação de uma foto com o cliente nas redes sociais.
A decisão da Justiça de permitir que Nego Di resida em Santa Catarina ocorre em um contexto de contínuas investigações sobre suas atividades e as alegações de estelionato e lavagem de dinheiro que o envolvem.
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