Com a expansão do sorotipo 3 da dengue, Eleuses Paiva destaca que o Estado pode enfrentar mais casos graves da doença neste ano.
24 de Janeiro de 2025 às 17h41

Secretário de saúde de SP alerta para aumento de casos graves de dengue em 2025

Com a expansão do sorotipo 3 da dengue, Eleuses Paiva destaca que o Estado pode enfrentar mais casos graves da doença neste ano.

O secretário de Saúde de São Paulo, Eleuses Paiva, alertou nesta quinta-feira, 23, sobre a possibilidade de um aumento significativo de casos graves de dengue em 2025, devido à expansão do sorotipo 3 da doença. Durante a abertura do Centro de Operações de Emergências (COE), Paiva afirmou: “Vamos ter um grande desafio neste ano”, referindo-se às ações de combate ao Aedes aegypti, vetor da dengue, chikungunya e Zika.

No ano passado, o Estado registrou mais de 2 milhões de casos prováveis de dengue, o maior número da sua história. Em 2025, já foram contabilizados 29.604 casos e seis óbitos confirmados, com 31 municípios decretando estado de emergência.

A preocupação de Paiva é compartilhada por outras autoridades presentes no evento, como Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan. Eles destacam a complexidade da situação, que envolve a presença de diferentes sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) e a resposta do organismo diante das infecções.

Ao contrair dengue, a imunização é permanente apenas para o sorotipo específico que causou a infecção. Isso significa que uma pessoa pode contrair a doença até quatro vezes, uma vez que a imunidade não se estende aos outros sorotipos.

Além disso, em casos de reinfecção com um sorotipo diferente, o sistema imunológico pode reagir de forma equivocada, confundindo o novo sorotipo com o anterior e desencadeando uma resposta imune exacerbada. Isso resulta na produção de anticorpos “desatualizados”, que são eficazes apenas contra o primeiro sorotipo, mas não conseguem neutralizar o novo vírus, aumentando o risco de formas graves da doença.

Retorno do sorotipo 3

O sorotipo 3 da dengue, que havia desaparecido do Brasil por décadas, retorna em um momento crítico, deixando uma grande parte da população sem defesas. O secretário expressou sua preocupação com o aumento potencial de casos de reinfecção, afirmando: “É isso que nos angustia. Portanto, talvez neste ano nós tenhamos mais casos de dengue grave. Por isso o manejo clínico é extremamente importante”.

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Embora não exista um tratamento específico para a dengue, as mortes são consideradas evitáveis. A boa evolução do paciente depende da identificação precoce de sinais de alarme que indicam agravamento do quadro, além da rapidez no início do tratamento, que deve focar na hidratação adequada.

Regiane de Paula, diretora da Coordenadoria de Controle de Doenças de São Paulo, destacou que o sorotipo 3 ressurgiu de forma rápida no Estado. Ao ser questionada sobre a porcentagem de infecções causadas pelo DENV-3, ela afirmou que não possui dados precisos, mas mencionou que o vírus está entrando pela região noroeste paulista, especialmente em São José do Rio Preto, e começará a se espalhar.

Ação estadual

A reunião também trouxe boas notícias com o anúncio do início da fabricação da vacina contra dengue pelo Instituto Butantan. A expectativa é produzir 1 milhão de doses em 2025 e mais 100 milhões nos próximos três anos. Contudo, o imunizante ainda não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e o pedido está em análise, com previsão de parecer até meados de março.

Atualmente, a única vacina disponível no Brasil, a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, tem produção limitada e distribuição restrita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

As autoridades enfatizaram que não há expectativa de vacinação em massa para 2025, conforme o posicionamento do Ministério da Saúde. Assim, o combate à dengue em São Paulo continuará a se concentrar em medidas tradicionais, como a conscientização sobre a eliminação de criadouros de mosquitos, que são predominantemente encontrados em áreas residenciais, e o uso de inseticidas.

O governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, anunciou que destinará R$ 228 milhões aos municípios até sexta-feira, 24, para que possam investir nessas medidas. Parte desse montante refere-se ao adiantamento da quota fixa do Incentivo à Gestão Municipal do SUS São Paulo (IGM SUS Paulista).

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