Putin se diz aberto a negociar com Ucrânia, mas rejeita Zelensky como interlocutor
O presidente russo afirma que não vê legitimidade no governo ucraniano e critica a falta de iniciativa de Kiev.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta terça-feira (28) que seu país está disposto a negociar um fim para o conflito na Ucrânia. No entanto, ele rejeitou a possibilidade de realizar conversas diretas com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alegando que não enxerga nenhuma "vontade" por parte de Kiev para avançar nas negociações.
Em uma entrevista à televisão estatal russa, Putin afirmou que a Rússia está aberta a manter diálogos, mas não vê disposição por parte da Ucrânia. O líder russo considera Zelensky "ilegítimo" e, portanto, não reconhece a validade de qualquer conversa com ele.
“A Rússia está disposta a manter negociações, mas não vê nenhuma vontade por parte da Ucrânia”, disse Putin, reiterando sua posição em relação à legitimidade do governo ucraniano. Essa afirmação ocorre em um momento em que há crescente expectativa sobre a possibilidade de negociações de paz, especialmente após um telefonema entre Putin e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que acenou para uma possível trégua.
Putin também mencionou que a situação política na Ucrânia, marcada pela adoção de lei marcial e a suspensão de eleições presidenciais, impede um avanço nas discussões. Ele ressaltou que, mesmo que a Ucrânia encontre uma maneira legal de prosseguir com as negociações, a falta de legitimidade de Zelensky é um obstáculo significativo.
“Há um problema”, afirmou Putin, referindo-se ao decreto assinado por Zelensky que proíbe negociações com a Rússia. Ele argumentou que, enquanto Zelensky era considerado um presidente legítimo quando o decreto foi assinado, atualmente, sua condição é questionável.
As declarações de Putin surgem em meio a um cenário internacional complexo, onde a administração dos Estados Unidos, liderada por Donald Trump, está sendo observada com atenção. O Kremlin já havia demonstrado interesse em dialogar sobre a paz, mas até o momento não há reuniões agendadas para discutir o assunto.
Além disso, Putin expressou que, se houver apoio dos aliados ocidentais da Ucrânia para a ideia de negociações, seria possível encontrar uma forma legal de avançar. Ele mencionou que já havia enviado um “sinal apropriado” ao ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nesse sentido.
A Ucrânia, por sua vez, defende que Zelensky continua sendo o presidente legítimo, citando a lei marcial em vigor desde a invasão russa em fevereiro de 2022, que impossibilita a realização de eleições. As autoridades ucranianas afirmam que a situação de guerra impede a normalidade política e, portanto, a legitimidade de Zelensky deve ser reconhecida.
Enquanto isso, a comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos dessa situação, que permanece tensa e sem uma solução clara à vista. A possibilidade de um diálogo entre Rússia e Ucrânia continua a ser um tema central nas discussões sobre a paz na região.
Veja também: