O índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 0,5% e investidores aguardam decisão do Copom sobre a Selic.
29 de Janeiro de 2025 às 21h15

Ibovespa encerra em queda e retorna aos 123 mil pontos após decisões do Fed

O índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 0,5% e investidores aguardam decisão do Copom sobre a Selic.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda nesta quarta-feira, 29, retornando ao patamar dos 123 mil pontos. O índice cedeu 0,5%, encerrando o dia a 123.432,12 pontos, após o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos decidir manter a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50%. Essa decisão foi amplamente esperada pelo mercado e reflete a resiliência da inflação na maior economia do mundo.

Os investidores brasileiros permanecem atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, que também ocorreu nesta quarta-feira. As expectativas giram em torno de um aumento da taxa Selic, atualmente em 12,25%, para 13,25%, o que poderia impactar diretamente o cenário econômico do país.

Durante o pregão, o Ibovespa alcançou uma máxima de 124.766,95 pontos, mas rapidamente perdeu fôlego, atingindo uma mínima de 123.278,43 pontos. O volume financeiro totalizou R$ 15 bilhões, indicando um dia de intensa movimentação no mercado.

O comunicado do Fed, que excluiu menções sobre a inflação “progredindo” em direção à meta de 2%, ressaltou que o ritmo de aumento dos preços “continua elevado”. Essa mudança de tom gerou reações no mercado, com os rendimentos dos Treasuries dos EUA subindo, indicando uma percepção de que os juros podem permanecer elevados por mais tempo.

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, destacou que a decisão do Fed seguiu o protocolo de não fornecer pistas sobre futuros movimentos, mas enfatizou a força do mercado de trabalho e a persistência da inflação acima da meta. “A leitura é que será mais difícil dar continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário em relação à visão divulgada na reunião de dezembro”, afirmou.

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A queda do Ibovespa nesta quarta-feira representa a segunda consecutiva, após o índice ter alcançado sua máxima desde dezembro na segunda-feira, quando fechou a 124.861,50 pontos. Desde o início do ano, o Ibovespa acumula um ganho de 3,8%, após um tombo de 10% em 2024.

Parte da recente volatilidade do índice pode ser atribuída à entrada de capital externo, que registrou saldo positivo de R$ 4,3 bilhões até o último dia 27. Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator Gestão, observou que o movimento recente do Ibovespa pode ser interpretado como um ajuste à aversão ao risco no início do governo de Donald Trump nos EUA.

“Ele não chegou com aquele aumento de tarifa para a China que comentava na campanha. Isso deu, de certa maneira, uma acalmada”, comentou Lemos, embora tenha ressaltado que o cenário para a bolsa brasileira ainda é “conturbado”, especialmente devido ao nível elevado de juros no país.

Na manhã desta quarta-feira, o Banco Central do Brasil realizou um leilão de venda de moeda com compromisso de recompra, movimentando US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 11,7 bilhões). Essa foi a segunda intervenção cambial desde que Gabriel Galípolo assumiu a presidência da autarquia, em 1º de janeiro.

Entre as ações que mais se destacaram, LOCALIZA ON perdeu 3,79%, pressionada pela alta na curva de juros, enquanto MAGAZINE LUIZA ON recuou 2,51%. O setor de consumo, por sua vez, viu uma queda de 0,6%. BRASKEM PNA caiu 2,67%, após forte valorização no início do ano, enquanto PETZ ON subiu 2,9%, impulsionada por uma recente participação da XP na empresa.

Os papéis de grandes bancos como ITAÚ UNIBANCO PN e BANCO DO BRASIL ON também apresentaram variações negativas, com quedas de 0,24% e 0,33%, respectivamente. As instituições financeiras estão na expectativa de divulgar seus balanços do quarto trimestre de 2024 na próxima semana, com foco nas perspectivas para 2025.

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