Lula afirma que aumento de combustíveis é decisão da Petrobras, não do presidente
O presidente comentou sobre a alta no ICMS e o impacto nos preços da gasolina e do diesel a partir de fevereiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira, 30, que a responsabilidade por qualquer aumento no preço dos combustíveis recai sobre a Petrobras, e não sobre sua gestão. Em uma coletiva de imprensa realizada no Palácio do Planalto, Lula enfatizou que a decisão sobre reajustes cabe à presidente da estatal, Magda Chambriard, e que ele não precisa ser informado previamente sobre tais mudanças.
“Se a Petrobras tiver que fazer um reajuste, ainda assim, não levando em conta a inflação, será menor do que em dezembro de 2022. Quem está aumentando é o Confaz”, afirmou Lula, referindo-se ao Conselho Nacional de Política Fazendária. Ele acrescentou que ainda não foi comunicado por Chambriard sobre a possibilidade de aumento nos preços.
A Petrobras já sinalizou ao governo que os preços do diesel estão defasados em relação ao mercado internacional e que um reajuste é necessário. Contudo, independentemente dessa decisão, os preços da gasolina e do diesel subirão em todo o Brasil a partir do próximo sábado, 1º de fevereiro, devido ao aumento da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
A alíquota do ICMS para a gasolina aumentará em 7,1%, enquanto o diesel terá um acréscimo de 5,3%. Este ajuste pode pressionar ainda mais a inflação no país, uma vez que o aumento nos combustíveis impacta diretamente o custo de transporte e, consequentemente, o preço de diversos produtos.
Questionado sobre a possibilidade de reações por parte dos caminhoneiros, um grupo frequentemente sensível a reajustes, Lula minimizou as preocupações. “Os caminhoneiros só têm que saber da verdade. Eles sabem que o preço do diesel está mais barato agora em comparação a dezembro de 2022”, ressaltou.
O economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, explicou que o aumento do ICMS da gasolina terá um efeito imediato no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), uma vez que o combustível tem um peso significativo no custo de vida. Para cada 1% de aumento na gasolina, o IPCA tende a subir 0,05 ponto percentual.
O impacto do aumento do diesel, embora menor em termos diretos, pode ser mais complexo. Isso se deve ao fato de que o diesel é amplamente utilizado no transporte de mercadorias, o que pode encarecer produtos em geral. “Qualquer bem que consumimos no dia a dia tem o custo do diesel embutido, pois de alguma maneira aquilo chegou à sua cidade pelo transporte rodoviário”, explicou Braz.
Além disso, o aumento do ICMS também pode afetar o preço dos alimentos, já que a maioria deles é transportada por caminhões que utilizam diesel. A relação entre o aumento do ICMS e a inflação é uma preocupação constante para o governo, que busca controlar os preços em meio a um cenário econômico desafiador.
O presidente Lula afirmou que está disposto a dialogar com os caminhoneiros e outros setores que possam ser afetados por essas mudanças. “Nada que seja alarmante se tivermos a disposição de conversar”, concluiu.
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