Maria Cecília Castro, titular do 77º DP, é acusada de desvio de cargas de drogas na Cracolândia
09 de Fevereiro de 2025 às 14h02

Delegada de São Paulo é afastada por suspeita de envolvimento com tráfico de drogas

Maria Cecília Castro, titular do 77º DP, é acusada de desvio de cargas de drogas na Cracolândia

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou o afastamento da delegada Maria Cecília Castro, que atuava como titular do 77º Distrito Policial, localizado no bairro da Santa Cecília, região conhecida por registrar casos relacionados à Cracolândia. A decisão foi tomada após a constatação de suspeitas de envolvimento da delegada com o tráfico de drogas, levando também ao afastamento de outros dois policiais civis.

As investigações apontam que Maria Cecília e seus colegas estariam envolvidos em um esquema de desvio de cargas de drogas, que seriam posteriormente comercializadas para traficantes na área da Cracolândia. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou que a Polícia Civil não tolera desvios de conduta e que tomará medidas rigorosas contra qualquer infração à lei.

Maria Cecília Castro, que ocupa o cargo de delegada especial de primeira classe, é uma das autoridades de maior destaque na investigação criminal. Seu salário, conforme o Portal da Transparência, é de R$ 30.232,08. As investigações indicam que o esquema criminoso pode ter movimentado cerca de R$ 120 milhões entre 2017 e 2022.

Além do afastamento da delegada e dos dois policiais, um quarto integrante da corporação ainda está sob investigação. As suspeitas recaem sobre a prática de desvios de drogas que chegavam à região, com a participação de uma rede de informantes que alertavam sobre carregamentos de entorpecentes provenientes de outros estados.

De acordo com relatos, os policiais envolvidos no esquema teriam realizado apreensões falsas, substituindo a droga pura por substâncias como talco e gesso, que eram então revendidas a traficantes. A operação também conta com a participação de peritos do Instituto de Criminalística, que supostamente emitiram laudos falsos atestando a pureza das substâncias adulteradas.

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Na tarde da última sexta-feira (7), um mandado de busca e apreensão foi cumprido na residência da delegada, localizada no bairro Vila Olímpia, em São Paulo. Durante a operação, foram apreendidos celulares, documentos, além da arma, distintivo e carteira funcional da delegada. Os aparelhos eletrônicos terão seus sigilos quebrados para a coleta de provas que possam corroborar as acusações.

O afastamento de Maria Cecília Castro foi determinado pelo juiz Oto Sérgio Silva de Araújo Júnior, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro do TJ-SP. O esquema criminoso, que envolve uma rede de mais de 40 informantes conhecidos como “gansos”, está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.

Os dois distritos que Maria Cecília havia comandado, o 77º DP e o 2º DP (Bom Retiro), estão subordinados à 1ª Delegacia Seccional, que é responsável pela supervisão das unidades da Polícia Civil na região central de São Paulo. Ambos os distritos teriam parte de seus recursos utilizados na operação criminosa.

Relatórios da Corregedoria e do Ministério Público de São Paulo indicam que o chefe da 1ª Delegacia Seccional, Elvis Cristiano da Silva, também estaria envolvido em irregularidades, incluindo a venda de cargos de chefia para membros da quadrilha.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo reiterou que todos os fatos relacionados ao caso estão sendo minuciosamente apurados e que a Polícia Civil não compactua com desvios de conduta, comprometendo-se a punir exemplarmente aqueles que infringem a lei.

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