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Gabriel Galípolo comenta impactos das tarifas de Trump no Brasil e México
Presidente do BC avalia que Brasil pode sofrer menos com tarifas do que México, mas alerta sobre incertezas globais.
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, abordou nesta sexta-feira (14) os possíveis impactos das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre o Brasil e o México. Durante um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele minimizou os efeitos negativos que essas medidas podem ter sobre a economia brasileira, destacando que o país está menos conectado comercialmente aos EUA.
Galípolo comentou que, desde a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas, a percepção de mercado sobre a relação comercial entre Brasil e México mudou. O presidente do BC observou que, embora o México tenha se beneficiado do fenômeno do “nearshoring” — que envolve a realocação de cadeias produtivas para países próximos aos EUA —, as tarifas mais pesadas podem prejudicar mais o país vizinho do que o Brasil.
“Não estou dizendo que, com as tarifas, é melhor para o Brasil. Em qualquer situação, é melhor não termos uma guerra tarifária. Mas, comparativamente, talvez para o Brasil seja menos prejudicial do que para o México”, afirmou Galípolo, ressaltando a complexidade da situação atual.
O presidente do BC também destacou que o cenário global é marcado por incertezas, e que ainda se está tentando entender quais medidas serão efetivamente adotadas pelo governo americano e quais serão suas repercussões. “Ainda estamos tentando entender quais medidas serão adotadas e quais serão as repercussões dessas medidas”, disse.
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Galípolo acrescentou que a incerteza em torno das políticas tarifárias influencia a dinâmica dos preços dos ativos financeiros. Ele enfatizou que a reação inicial do mercado às tarifas foi de alívio, uma vez que o anúncio foi considerado menos severo do que o esperado. Contudo, ele alertou que estudos do governo dos EUA sobre as tarifas devem ser concluídos apenas no final de abril, o que pode trazer novas informações e reações.
Na manhã desta sexta-feira, o dólar apresentava queda, enquanto o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores do Brasil (B3), registrava uma forte alta. Essas movimentações refletem a resposta do mercado às incertezas e expectativas em relação às tarifas e à economia global.
Galípolo também mencionou que o Brasil está vivendo um quarto ano consecutivo de crescimento acima do esperado, o que levanta discussões sobre os fatores que impulsionam esse desempenho. Ele indicou que pode haver um consenso emergente sobre o impacto positivo do pagamento de precatórios na atividade econômica.
Além disso, o presidente do BC lembrou que a transição para o regime de metas de inflação trouxe novos desafios, como a necessidade de justificar a não conformidade com as metas estabelecidas. “No início deste ano, o BC teve de fazer uma carta explicando porque não cumpriu a inflação em 2024, e agora em 2025 já estamos no regime de meta contínua”, concluiu Galípolo.
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