Presidente do BC avalia que Brasil pode sofrer menos com tarifas do que México, mas alerta sobre incertezas globais.
14 de Fevereiro de 2025 às 13h33

Gabriel Galípolo comenta impactos das tarifas de Trump no Brasil e México

Presidente do BC avalia que Brasil pode sofrer menos com tarifas do que México, mas alerta sobre incertezas globais.

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, abordou nesta sexta-feira (14) os possíveis impactos das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre o Brasil e o México. Durante um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele minimizou os efeitos negativos que essas medidas podem ter sobre a economia brasileira, destacando que o país está menos conectado comercialmente aos EUA.

Galípolo comentou que, desde a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas, a percepção de mercado sobre a relação comercial entre Brasil e México mudou. O presidente do BC observou que, embora o México tenha se beneficiado do fenômeno do “nearshoring” — que envolve a realocação de cadeias produtivas para países próximos aos EUA —, as tarifas mais pesadas podem prejudicar mais o país vizinho do que o Brasil.

“Não estou dizendo que, com as tarifas, é melhor para o Brasil. Em qualquer situação, é melhor não termos uma guerra tarifária. Mas, comparativamente, talvez para o Brasil seja menos prejudicial do que para o México”, afirmou Galípolo, ressaltando a complexidade da situação atual.

O presidente do BC também destacou que o cenário global é marcado por incertezas, e que ainda se está tentando entender quais medidas serão efetivamente adotadas pelo governo americano e quais serão suas repercussões. “Ainda estamos tentando entender quais medidas serão adotadas e quais serão as repercussões dessas medidas”, disse.

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Galípolo acrescentou que a incerteza em torno das políticas tarifárias influencia a dinâmica dos preços dos ativos financeiros. Ele enfatizou que a reação inicial do mercado às tarifas foi de alívio, uma vez que o anúncio foi considerado menos severo do que o esperado. Contudo, ele alertou que estudos do governo dos EUA sobre as tarifas devem ser concluídos apenas no final de abril, o que pode trazer novas informações e reações.

Na manhã desta sexta-feira, o dólar apresentava queda, enquanto o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores do Brasil (B3), registrava uma forte alta. Essas movimentações refletem a resposta do mercado às incertezas e expectativas em relação às tarifas e à economia global.

Galípolo também mencionou que o Brasil está vivendo um quarto ano consecutivo de crescimento acima do esperado, o que levanta discussões sobre os fatores que impulsionam esse desempenho. Ele indicou que pode haver um consenso emergente sobre o impacto positivo do pagamento de precatórios na atividade econômica.

Além disso, o presidente do BC lembrou que a transição para o regime de metas de inflação trouxe novos desafios, como a necessidade de justificar a não conformidade com as metas estabelecidas. “No início deste ano, o BC teve de fazer uma carta explicando porque não cumpriu a inflação em 2024, e agora em 2025 já estamos no regime de meta contínua”, concluiu Galípolo.

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