
Polícia conclui inquérito sobre bolo envenenado que matou quatro em Torres
Investigação aponta que Deise Moura dos Anjos foi a responsável pelas mortes, mas não será punida devido ao falecimento.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul finalizou o inquérito referente ao caso do bolo envenenado que resultou na morte de quatro pessoas em Torres, no Litoral Norte do estado, em dezembro de 2024. A investigação revelou que Deise Moura dos Anjos foi a única responsável pelo crime, mas não haverá indiciamento devido à sua morte.
Deise, que estava presa na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, foi encontrada sem vida em sua cela no dia 13 de fevereiro de 2025. O delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil, confirmou em coletiva que a extinção da punibilidade ocorreu em razão do falecimento da suspeita.
O inquérito apontou que Deise era a autora de quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio. As vítimas fatais foram as irmãs Maida Berenice Flores da Silva e Neuza Denize Silva dos Anjos, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, filha de Neuza. Todas faleceram após ingerirem um bolo envenenado com arsênio.
O crime ocorreu durante um encontro familiar em 23 de dezembro de 2024, quando sete pessoas se reuniram para um café da tarde. Após consumirem o bolo, as vítimas começaram a apresentar sintomas graves de intoxicação. Zeli dos Anjos, sogra de Deise e também uma das pessoas que ingeriu o bolo, foi hospitalizada, mas sobreviveu.


Segundo a Polícia Civil, Deise teria envenenado o bolo com arsênio, substância que adquiriu meses antes do crime. A investigação revelou que ela tinha um histórico de conflitos familiares, e a principal motivação para o crime seria uma grave perturbação mental.
O delegado Fernando Sodré destacou que a complexidade do caso se deu pela ausência de Deise na cena do crime e pelo fato de ela não ter preparado o bolo. Contudo, as evidências apontam que ela foi a responsável por envenenar os ingredientes utilizados na receita.
Durante a investigação, foram encontrados bilhetes deixados por Deise, onde ela expressava sua angústia e negava ser uma assassina, alegando ser uma “pessoa fraca” que sofria com depressão. Em um dos bilhetes, ela afirmou ter comprado o arsênio para si mesma, mas também culpou sua sogra por suas ações.
A Polícia Civil considerou o caso encerrado, mesmo sem a possibilidade de punição legal, uma vez que Deise não pode ser indiciada postumamente. A repercussão do caso foi intensa, tanto na mídia quanto na sociedade gaúcha, e o delegado Cleber Lima comentou que a investigação ficará marcada na história da polícia do estado.
Com a conclusão do inquérito, a Polícia Civil se despede de um dos casos mais trágicos e complexos da sua história recente, que envolveu não apenas mortes, mas também uma trama familiar repleta de desentendimentos e conflitos.
Veja também: