
Após carnaval, especialistas alertam sobre etiqueta respiratória e cuidados
Infectologistas recomendam precauções para foliões com sintomas respiratórios após a folia.
Após o carnaval, especialistas em saúde pública reforçam a importância da "etiqueta respiratória" para foliões que apresentem sintomas como tosse, coriza e dor de garganta. O isolamento social é a principal recomendação, e, caso a saída de casa seja indispensável, o uso de máscara deve ser priorizado. Essas orientações são especialmente relevantes neste período pós-carnaval, quando a aglomeração típica das festividades pode facilitar a transmissão de vírus respiratórios.
O infectologista Rodrigo Lins destaca que "no mundo das doenças infecciosas, quanto mais você se expõe a outras pessoas, maior o risco de encontrar alguém que esteja transmitindo algum patógeno. Muitas vezes, uma pessoa está doente e nem sabe, e acaba contaminando outras".
Por essa razão, é aconselhável que os foliões aguardem alguns dias antes de se encontrarem com pessoas que têm maior risco de desenvolver formas graves de infecções, ou que adotem precauções adicionais, mesmo na ausência de sintomas.
“É importante evitar visitar crianças pequenas sem o uso de máscara, uma vez que esse grupo é mais vulnerável a vários tipos de vírus respiratórios. Além disso, todos devem estar em dia com a vacinação contra a covid-19, especialmente os grupos mais vulneráveis, que precisam de doses de reforço periódicas”, ressalta Tatiana Portella, pesquisadora da Fiocruz.
Embora a pandemia tenha sido considerada encerrada, a covid-19 continua a ser a principal causa de óbitos entre pacientes com síndrome respiratória aguda grave de origem viral. Outros vírus, como o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e a Influenza, também podem levar a quadros graves e até ao óbito.
O médico Fernando Balsalobre, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, observa que sintomas como tosse e dor de garganta são comuns após festas e geralmente indicam infecções virais que afetam as vias superiores, como nariz e garganta. "As aglomerações favorecem a circulação de vírus, contaminando mais pessoas", complementa.


O professor Léo Palma, que participou das festividades em Recife e Olinda, compartilha sua experiência:
“Na terça-feira de carnaval, eu nem fui. Já caí ali mesmo, não consegui finalizar o carnaval. Começou com tosse e congestão nasal. Mas para voltar a João Pessoa, ainda peguei um pouco mais de chuva na moto. No dia seguinte, acordei com uma crise de sinusite mais intensa.”
Os casos virais leves geralmente melhoram após alguns dias com hidratação adequada e alimentação saudável, além do uso de analgésicos para aliviar o desconforto. Contudo, algumas pessoas podem evoluir para quadros mais graves. “O médico deve ser consultado em caso de sintomas como prostração intensa, falta de ar e febre persistente”, explica Balsalobre.
Além dos vírus respiratórios, outros problemas de saúde podem surgir após o carnaval. O infectologista Rodrigo Lins alerta que "excessos gastronômicos ou o consumo de alimentos de origem duvidosa podem causar problemas de saúde, como diarreias e gastroenterites virais ou bacterianas".
Esses casos também exigem atenção, com reforço na hidratação e consumo de alimentos leves e saudáveis. O paciente deve procurar uma unidade de saúde se os sintomas, como vômito e diarreia, forem severos ou persistentes.
Para o próximo carnaval, os médicos sugerem hábitos que podem reduzir as chances de contaminação e fortalecer o organismo contra vírus indesejados. As recomendações incluem:
- Evitar compartilhar alimentos e bebidas;
- Hidratar-se adequadamente;
- Manter uma alimentação saudável e leve, com alimentos de origem confiável.
Léo Palma admite que cumpriu apenas a recomendação de beber bastante água: "Acho que o pior foi a alimentação. Realmente ficou em segundo plano. Prato de comida mesmo, acho que só comi na segunda-feira, nem lembro direito".
Por outro lado, seu amigo Sérgio Rodrigo Ferreira, que também participou do carnaval, se preocupou mais com a saúde: "A gente saía dia e noite. Muita gente, muita aglomeração, muito beijo na boca. Mas eu tentei fazer uma redução de danos, usei até aqueles sachês de hidratação nos blocos", conta o professor, que se diz surpreso por não ter adoecido após tantas festas.
Com a continuidade de eventos pós-carnaval em algumas cidades, o infectologista Rodrigo Lins reforça que foliões com sintomas devem evitar participar de aglomerações: "Se você está com febre ou sintomas respiratórios, não deve ir ao bloco. Fique em casa e descanse, é o melhor a fazer".
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