O Kremlin analisa as opções após a Ucrânia aceitar um cessar-fogo de 30 dias proposto pelos EUA.
12 de Março de 2025 às 19h32

Putin avalia proposta de cessar-fogo dos EUA após aceitação da Ucrânia

O Kremlin analisa as opções após a Ucrânia aceitar um cessar-fogo de 30 dias proposto pelos EUA.

Após intensas negociações na Arábia Saudita, a Ucrânia anunciou que aceitou uma proposta de cessar-fogo de 30 dias com a Rússia, mediada pelos Estados Unidos. A decisão foi comunicada durante uma reunião que durou cerca de nove horas, onde os detalhes do acordo foram discutidos entre representantes dos dois países.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, foi o responsável por apresentar a proposta, que visa iniciar negociações de paz entre as partes envolvidas no conflito. O Kremlin, por sua vez, ainda está avaliando sua resposta a essa iniciativa, segundo informações oficiais.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, não entrou em detalhes sobre a posição do governo, afirmando que “a formação da posição da Federação Russa ocorrerá dentro da Federação Russa”. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também se esquivou de comentar, pedindo cautela e afirmando que Moscou está se familiarizando com a declaração conjunta emitida em Jeddah.

Enquanto isso, o presidente Vladimir Putin pondera se deve aceitar a proposta, rejeitá-la ou solicitar emendas. Comentadores próximos ao Kremlin, como o ex-assessor de Putin, Sergei Markov, sugerem que a recusa ou a modificação do cessar-fogo pode ser a opção mais viável, uma vez que a Rússia atualmente possui vantagem no campo de batalha.

Markov alertou que, se Putin aceitar a sugestão dos EUA, isso poderia resultar em uma situação perigosa, uma vez que a Ucrânia poderia usar o período de trégua para se rearmar. Ele sugeriu que, caso a proposta seja aceita, a Rússia deve exigir condições, como a interrupção do fornecimento de armas ocidentais a Kiev.

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Além disso, o comentarista destacou que a opinião pública russa está “cansada da guerra”, o que pode influenciar a decisão de Putin. Embora pesquisas recentes indiquem um aumento no apoio à realização de negociações de paz, não está claro se isso terá algum impacto na escolha do líder russo.

Outra possibilidade para a Rússia seria aceitar o cessar-fogo e, em seguida, atribuir qualquer violação a “provocações” ucranianas, com o intuito de desacreditar Kiev. Historicamente, tentativas anteriores de implementar um cessar-fogo entre Moscou e Kiev, após a anexação da Crimeia em 2014, falharam.

A proposta de cessar-fogo, a mais detalhada desde o início do conflito, gerou reações mistas na mídia russa. Alguns veículos expressaram satisfação, interpretando a aceitação da Ucrânia como uma capitulação às demandas dos EUA, enquanto outros manifestaram ceticismo, especialmente diante da retomada do envio de inteligência e armamentos para Kiev.

O deputado Viktor Sobolev alertou que um cessar-fogo temporário beneficiaria a Ucrânia, permitindo que suas forças se reagrupassem e se reabastecessem. Imagens de soldados russos recuperando território na região de Kursk foram amplamente divulgadas na mídia, reforçando a narrativa de que a Rússia mantém a vantagem no conflito.

Independentemente das especulações, a decisão final sobre o cessar-fogo recairá sobre Vladimir Putin. O Kremlin não descarta a possibilidade de uma conversa telefônica entre Putin e o presidente dos EUA, Donald Trump, que poderia ser crucial para a definição do acordo.

Com a pressão crescente e a necessidade de tomar uma decisão, Putin enfrentará um dilema: aceitar o cessar-fogo temporário ou arriscar deteriorar ainda mais as relações com o novo governo dos EUA.

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