O presidente Lai Ching-te propõe ações para conter a crescente influência chinesa na ilha.
13 de Março de 2025 às 11h11

Taiwan anuncia medidas rigorosas contra infiltração e espionagem da China

O presidente Lai Ching-te propõe ações para conter a crescente influência chinesa na ilha.

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, revelou um conjunto de medidas rigorosas para enfrentar o que descreveu como uma intensificação da infiltração e espionagem promovida pela China. Em uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira, Lai destacou a necessidade de fortalecer as defesas legais da ilha contra os esforços de Pequim para subverter a segurança nacional e influenciar a população taiwanesa.

Durante a reunião com autoridades de segurança, o presidente afirmou que a China tem utilizado diversas táticas, incluindo a aproximação de membros da sociedade taiwanesa, como grupos de crime organizado, personalidades da mídia e oficiais militares, tanto ativos quanto aposentados. “Eles estão realizando atividades como divisão, destruição e subversão dentro de nós”, disse Lai.

O presidente também mencionou dados alarmantes sobre a espionagem chinesa, revelando que 64 pessoas foram acusadas de colaborar com a China no último ano, um número três vezes maior do que em 2021. A maioria dos acusados são ex-militares ou militares em atividade, o que levanta preocupações sobre a segurança das informações sensíveis da ilha.

“Muitos estão preocupados que nosso país, a liberdade, a democracia e a prosperidade conquistadas a duras penas se percam pouco a pouco devido a essas campanhas de influência e manipulação”, afirmou Lai. Ele enfatizou que a situação exige uma resposta mais proativa por parte do governo taiwanês.

Entre as 17 contramedidas propostas, destacam-se a revisão rigorosa das visitas e pedidos de residência de cidadãos chineses, além da reativação dos tribunais militares para tratar casos de traição e vazamento de informações. Lai afirmou que “os juízes militares voltarão à linha de frente” na luta contra a infiltração.

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A proposta de Lai, no entanto, não está isenta de controvérsias. O sistema judicial militar foi dissolvido em 2013 após a morte de um soldado, o que gerou protestos e críticas sobre a falta de transparência e independência nos tribunais militares. A ex-parlamentar Hung Tzu-yung, irmã do soldado falecido, expressou sua preocupação com a possibilidade de um retorno a um sistema que muitos consideram opressivo.

Além disso, Lai mencionou incidentes recentes que ilustram as táticas de “zona cinza” da China, que buscam desestabilizar Taiwan sem chegar a um conflito armado. Um exemplo é a expulsão de uma cidadã chinesa casada com um taiwanês, que foi deportada após fazer declarações em redes sociais elogiando a liderança chinesa e afirmando que a China conquistaria Taiwan em meia hora.

Outros casos incluem artistas e influenciadores taiwaneses que repostaram declarações da mídia estatal chinesa reivindicando a soberania sobre Taiwan, o que o governo taiwanês considera uma pressão contínua para que figuras públicas façam declarações favoráveis a Pequim.

O presidente também anunciou que seu governo fará “ajustes necessários” nos fluxos de dinheiro, pessoas e tecnologia entre Taiwan e a China, embora não tenha fornecido detalhes sobre como isso será implementado. A China, que considera Taiwan parte de seu território, tem intensificado suas ações militares e campanhas de desinformação nos últimos anos, aumentando as tensões na região.

Com a proposta de Lai, o governo de Taiwan reafirma sua posição em defesa da soberania da ilha e da proteção de sua democracia, em meio a um cenário de crescente pressão e ameaças por parte da China.

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