
Ataques aéreos da Rússia na Ucrânia ocorrem após conversa entre Putin e Trump
Cerca de 45 drones atingem Kiev e outras regiões, desafiando acordo de cessar-fogo parcial proposto pelos EUA.
A Rússia lançou uma série de ataques aéreos contra a Ucrânia na madrugada desta quarta-feira, 19, horas após o presidente russo, Vladimir Putin, ter concordado em suspender temporariamente os bombardeios a instalações de energia ucranianas durante uma conversa com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
De acordo com autoridades ucranianas, cerca de 45 drones kamikazes foram utilizados nos ataques, que afetaram a capital Kiev e áreas adjacentes, resultando em danos a várias residências e veículos em Bucha, além de ferimentos em duas pessoas. Na cidade de Sumy, um drone atingiu um hospital, provocando um incêndio e a evacuação de mais de 100 pacientes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou sua indignação através do Telegram, afirmando: “Em muitas regiões, podemos ouvir exatamente o que a Rússia realmente deseja”. Ele também destacou que palavras não são suficientes e pediu um “mecanismo de controle” para garantir a eficácia do cessar-fogo proposto.
Após a conversa entre Trump e Putin, que durou mais de duas horas, o Kremlin anunciou que Putin estava disposto a aceitar um cessar-fogo limitado, mas rejeitou a proposta de um armistício total de 30 dias, que havia sido previamente acordado por Kiev durante negociações na Arábia Saudita.
Embora a Rússia tenha concordado em interromper os ataques a alvos de energia, Zelensky enfatizou que a recusa de Putin em aceitar um cessar-fogo completo demonstra a necessidade de aumentar a pressão sobre Moscou. “Apenas uma interrupção real dos ataques à infraestrutura civil pode sinalizar um desejo genuíno de acabar com essa guerra”, afirmou.


As forças armadas ucranianas confirmaram que, durante a noite, conseguiram derrubar 72 dos 145 drones lançados pela Rússia. Em resposta, o Ministério da Defesa russo alegou ter interceptado 57 drones ucranianos, a maioria na região de Kursk, que foi ocupada pelas forças de Kiev nos últimos meses.
O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, anunciou que as negociações para um acordo de cessar-fogo total começarão no próximo domingo, 23, em Jeddah, na Arábia Saudita. Ele afirmou que ainda há detalhes a serem resolvidos, mas que o processo de paz está em andamento.
Enquanto isso, Zelensky indicou que espera mais informações de Washington antes de tomar uma decisão sobre o novo cessar-fogo proposto. “Acredito que será correto termos uma conversa com o presidente Trump para entender os detalhes do que foi discutido com os russos”, disse ele.
O Kremlin, por sua vez, afirmou que Putin não recuou de suas condições para um possível acordo de paz, que incluem a interrupção de toda a ajuda militar ocidental à Ucrânia. Zelensky, em resposta, rejeitou essa condição, afirmando que não deve haver concessões na assistência à Ucrânia.
Após o telefonema entre os líderes, sirenes de ataque aéreos soaram em Kiev, seguidas por explosões. Os ataques aéreos da Rússia atingiram não apenas a infraestrutura civil, mas também um hospital em Sumy, evidenciando a continuidade do conflito, mesmo após os esforços diplomáticos.
A Casa Branca descreveu a conversa entre Trump e Putin como um passo inicial em direção à paz, que poderá incluir um cessar-fogo marítimo no Mar Negro e, eventualmente, o fim do conflito. No entanto, não há indicações de que Putin tenha mudado sua postura em relação ao cessar-fogo total.
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