
Gaeco denuncia três homens por lavagem de dinheiro para o PCC usando fintechs
Ministério Público de São Paulo formaliza denúncia contra suspeitos de ocultar R$ 6 bilhões em operações financeiras ilegais.
Uma operação conjunta do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Polícia Federal resultou na denúncia de três homens acusados de utilizar duas fintechs para dissimular a origem ilícita de recursos do Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação foi realizada em 25 de janeiro e faz parte da Operação Hydra.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apresentou a denúncia no dia 14 de março, mas os detalhes foram divulgados apenas agora. Os investigados podem enfrentar acusações de organização criminosa e lavagem de dinheiro, podendo ser condenados a pagar uma indenização de pelo menos R$ 100 milhões.
As fintechs envolvidas, a 2GO Instituição de Pagamentos e a InvBank Soluções Financeiras, são apontadas como facilitadoras na movimentação de valores ilícitos, que teriam alcançado cerca de R$ 6 bilhões. Segundo as investigações, os acusados empregavam práticas como fracionamento de grandes quantias em pequenas transações, uso de criptomoedas e contas em nome de laranjas para ocultar a verdadeira origem do dinheiro.
As operações financeiras eram cuidadosamente estruturadas para simular transações legítimas, evitando levantar suspeitas junto ao Banco Central e à Receita Federal. Além disso, os denunciados utilizavam empresas de fachada e empréstimos fraudulentos para encobrir suas atividades.


A denúncia foi fundamentada em informações fornecidas por Antôni Vinicius Gritzbach, que havia firmado um acordo de colaboração premiada com o MPSP. Gritzbach, que também estava envolvido em atividades de lavagem de dinheiro para o PCC, foi assassinado no Aeroporto Internacional de Guarulhos em 8 de novembro de 2023.
Os promotores destacaram que as fintechs eram utilizadas para a compra e venda de imóveis, com o objetivo de ocultar os verdadeiros proprietários das transações, que pertenciam à alta hierarquia da facção criminosa. O caso evidencia a gravidade da infiltração do crime organizado em setores financeiros e a necessidade de medidas rigorosas para combater essas práticas.
Embora os nomes dos três homens denunciados ainda não tenham sido divulgados, um deles, Cyllas Salerno Elia Júnior, já havia sido preso anteriormente por envolvimento com organizações criminosas. Ele estava afastado da Polícia Civil desde dezembro de 2022, mas obteve um habeas corpus no final de 2024 e foi preso novamente na Operação Hydra.
O Ministério Público ressalta a importância de desmantelar essas redes de lavagem de dinheiro e a necessidade de uma atuação firme contra a criminalidade organizada, que busca se infiltrar em setores estratégicos da economia.
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