Desde o anúncio das tarifas, mais de 50 países contataram a Casa Branca para discutir acordos comerciais.
06 de Abril de 2025 às 21h51

Mais de 50 nações buscam negociações comerciais com os EUA após novas tarifas de Trump

Desde o anúncio das tarifas, mais de 50 países contataram a Casa Branca para discutir acordos comerciais.

Mais de 50 nações entraram em contato com a Casa Branca para iniciar negociações comerciais desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas de importação, informaram autoridades do governo neste domingo. As tarifas, que resultaram em uma perda de quase US$ 6 trilhões em valor de mercado das bolsas de valores americanas na semana passada, têm gerado reações em todo o mundo.

Durante entrevistas em programas de televisão, os principais assessores econômicos de Trump tentaram caracterizar as tarifas como um reposicionamento estratégico dos EUA na ordem comercial global. Eles também minimizaram as consequências econômicas da implementação tumultuada das novas taxas, que devem impactar os mercados financeiros asiáticos na abertura desta segunda-feira.

O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, revelou que as negociações com mais de 50 países começaram desde o anúncio das tarifas na quarta-feira passada. No entanto, ele não forneceu detalhes sobre quais países estão envolvidos nas discussões. A realização de negociações simultâneas com tantos países pode representar um grande desafio logístico para o governo Trump, e a duração dessas negociações ainda é incerta.

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, ofereceu tarifas zero como base para as negociações, comprometendo-se a remover barreiras comerciais e aumentar os investimentos taiwaneses nos EUA. Bessent afirmou que essa abordagem cria “máxima alavancagem” para Trump, embora o impacto das tarifas na economia americana permaneça incerto. Ele também desconsiderou as preocupações sobre uma possível recessão, citando um crescimento de empregos mais forte do que o esperado.

Trump causou agitação nas economias globais com a introdução das tarifas, que provocaram retaliações da China e levantaram temores de uma guerra comercial. As bolsas de valores dos EUA caíram cerca de 10% nos dois dias após o anúncio das novas tarifas, que foram consideradas mais agressivas do que o esperado por analistas e investidores.

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Economistas do JPMorgan estimam que as tarifas podem resultar em uma queda de 0,3% no produto interno bruto dos EUA até 2025, em comparação com uma previsão anterior de crescimento de 1,3%. Além disso, a taxa de desemprego pode subir de 4,2% para 5,3% devido ao impacto das novas tarifas.

Em uma publicação em sua rede social, Trump compartilhou um vídeo que sugere que suas tarifas têm o objetivo de derrubar o mercado de ações intencionalmente, como uma forma de pressionar a redução das taxas de juros. Essa estratégia alimentou o debate global sobre se as tarifas são parte de um novo regime permanente ou uma tática de negociação que poderia levar à redução das tarifas em troca de concessões de outros países.

O Secretário de Comércio, Howard Lutnick, mencionou que as tarifas permanecerão em vigor “por dias e semanas”, e que as tarifas recíprocas devem ser implementadas conforme planejado em 9 de abril. Ele destacou a necessidade de uma abordagem abrangente para evitar que pequenas nações sejam usadas por países maiores para contornar as tarifas.

O bilionário Elon Musk, conselheiro de Trump, expressou a esperança de que no futuro haja total liberdade de comércio entre os EUA e a Europa. Já Peter Navarro, outro conselheiro comercial de Trump, afirmou que não há divergências entre Musk e o governo em relação à política tarifária, mas que o CEO da Tesla está cuidando de seus próprios interesses comerciais.

A ofensiva tarifária de Trump, que cumpre uma promessa de campanha, foi vista como uma ação sem precedentes, já que ele agiu sem a aprovação do Congresso para redesenhar as regras do comércio global. O impacto das tarifas está sendo sentido tanto por aliados quanto por adversários dos EUA, incluindo Israel, que enfrenta uma tarifa de 17% sobre suas exportações para o país.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve visitar a Casa Branca na segunda-feira, e as tarifas estarão entre os tópicos de discussão, juntamente com a situação em Gaza. Outros países, como o Vietnã, também estão buscando negociar com os EUA para evitar tarifas, com o líder vietnamita expressando interesse em reduzir suas tarifas a zero se um acordo for alcançado.

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