
Oftalmologia veterinária cresce e abre oportunidades no Brasil
Especialidade em expansão exige alta qualificação e investimento; consultas costumam custar pelo menos o dobro das de clínico geral
A oftalmologia veterinária deixou de ser nicho e hoje se consolida como uma das especialidades em ascensão na Medicina Veterinária no Brasil. Com o avanço do mercado pet e maior atenção de tutores à saúde ocular, clínicas e hospitais ampliam a oferta de consultas e cirurgias específicas. O Dia do Veterinário Oftalmologista é celebrado em 29 de agosto, data que dá visibilidade ao papel do especialista.
O que faz o veterinário oftalmologista
O profissional diagnostica, trata e previne doenças oculares, sobretudo em cães e gatos. Entre os quadros mais comuns estão catarata, úlceras de córnea, ceratoconjuntivite seca (olho seco), glaucoma e alterações palpebrais como entropio, ectrópio e distiquíase.
Raças braquicefálicas — como pug, shih tzu, bulldog francês e o gato Persa — concentram maior risco e demandam acompanhamento frequente. A atuação vai desde consultas clínicas até cirurgias de alta complexidade, com foco em preservar visão e qualidade de vida.
Rotina e tecnologias disponíveis
A consulta inclui exames específicos: tonometria (pressão intraocular), teste de fluoresceína (lesões de córnea), biomicroscopia (lâmpada de fenda) e oftalmoscopia (fundo de olho). Em serviços de referência, são realizados ultrassom ocular e eletrorretinografia (ERG); em alguns centros, há tomografia de coerência óptica (OCT) e terapias a laser para casos selecionados. O acesso a esses recursos depende de investimento e capacitação, o que explica maior concentração nas capitais.
Cirurgias que mudam o prognóstico
A facoemulsificação para tratamento da catarata, com implante de lente intraocular, é referência e oferece altos índices de sucesso quando os critérios de indicação são atendidos. Também fazem parte da rotina a correção de pálpebras, a remoção de cílios ectópicos, o tratamento de úlceras de córnea e o reposicionamento da glândula da terceira pálpebra (“cherry eye”).
O glaucoma exige acompanhamento contínuo e pode demandar cirurgias específicas; em alguns centros, o laser amplia as opções terapêuticas.
Caminho para a especialização
A formação começa na graduação em Medicina Veterinária e se aprofunda com pós-graduação, residência e provas de título de especialista. A atualização é constante, com participação em cursos e congressos para acompanhar mudanças em protocolos, equipamentos e técnicas.
Custos e remuneração
Consultas em oftalmologia veterinária costumam ser pelo menos o dobro do valor de uma consulta com clínico geral. A diferença reflete a complexidade do exame, o tempo de avaliação e o uso de equipamentos específicos.
Para o profissional, apesar do investimento mais alto em estrutura e capacitação, a especialidade pode oferecer remuneração superior e bom potencial de retorno no médio prazo.
Desafios e oportunidades
Entre os principais desafios estão o custo de equipamentos, a curva de aprendizado em cirurgias intraoculares e a concentração de serviços em grandes centros, o que limita o acesso em cidades menores.
Em contrapartida, o crescimento do mercado pet, a maior longevidade dos animais e a demanda por serviços de referência abrem espaço para expansão, parcerias com clínicas gerais, atuação itinerante, docência e pesquisa.
Orientação ao tutor
Alterações súbitas na visão, dor ocular, secreção persistente ou traumas exigem atendimento imediato. Na hora de buscar um especialista, é importante verificar a formação, a estrutura da clínica e a clareza nas orientações de pós-operatório.
Os custos variam de acordo com cidade, tecnologia disponível e complexidade do caso — por isso, a recomendação é solicitar sempre orçamento detalhado.
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