Intoxicações por metanol, inflação e endividamento das famílias afetam consumo fora de casa
20 de Outubro de 2025 às 10h35

Queda de 4,9% nas vendas de bares e restaurantes em setembro reflete crise do metanol

Intoxicações por metanol, inflação e endividamento das famílias afetam consumo fora de casa

As vendas no setor de bares e restaurantes no Brasil apresentaram uma queda de 4,9% em setembro, conforme dados divulgados pela Stone em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Este resultado representa uma retração de 3,9% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, após um período de três meses de estabilidade.

O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, atribui essa queda a uma combinação de fatores, sendo os casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas um dos principais responsáveis. “Os casos de intoxicação espalharam pânico entre os consumidores e provocaram uma queda na movimentação de alguns estabelecimentos”, afirmou Solmucci.

Os primeiros relatos de intoxicação por metanol surgiram no final de agosto, mas o alerta à população foi emitido somente na última semana de setembro. A expectativa é que os dados de outubro reflitam mais claramente os efeitos dessa crise no setor.

Além da crise do metanol, o alto índice de inflação e o elevado endividamento das famílias também têm contribuído para a retração no consumo fora de casa. Segundo Guilherme Freitas, economista e pesquisador da Stone, “a crise do metanol adicionou um fator pontual de incerteza” ao cenário já desafiador.

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O levantamento revelou que, entre os 24 estados analisados, apenas dois apresentaram crescimento nas vendas em setembro: Maranhão, com 2,6%, e Mato Grosso do Sul, com 1%. Por outro lado, as maiores quedas foram registradas em Roraima (-11,5%), Pará (-9,9%) e Rio de Janeiro e Santa Catarina (-7,6%).

O impacto das intoxicações por metanol é notável, com o Ministério da Saúde relatando 133 notificações de casos no país, sendo 46 confirmados e 87 ainda em investigação. O estado de São Paulo concentra a maior parte dos casos, com 38 confirmações.

O cenário econômico também é preocupante. Apesar da taxa de desemprego estar em queda, o endividamento das famílias limita o poder de compra e o consumo em estabelecimentos. “O ritmo de geração de vagas formais perdeu força e a inflação específica do setor continua pressionada, encarecendo o tíquete médio”, complementou Freitas.

A combinação desses fatores tem levado os consumidores a reduzir gastos em itens não essenciais, como refeições e bebidas fora de casa. Setembro, que tradicionalmente é um mês forte para o setor devido ao Dia dos Pais, já começou com um ritmo de vendas abaixo do esperado, segundo Solmucci.

O Índice Abrasel-Stone, que monitora a movimentação do setor de alimentação fora do lar, reflete a variação das vendas com base nas transações financeiras capturadas pela Stone em 24 estados brasileiros. A análise mensal e sazonal é essencial para que bares e restaurantes possam definir estratégias e tomar decisões adequadas em tempos de crise.

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