Hamas devolve restos mortais de refém já entregue; Israel convoca reunião urgente
Após entrega de caixão, Israel descobre que se tratava de restos mortais de refém já repatriado. Reunião de emergência é convocada.
Na noite de ontem, próximo ao fim do prazo estipulado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a entrega dos corpos de reféns israelenses, o Hamas fez a entrega de um caixão a Israel. Entretanto, o Instituto Médico Legal de Tel Aviv confirmou na manhã desta terça-feira (28) que o conteúdo não correspondia a um dos 13 reféns ainda em cativeiro, mas sim a restos mortais de um refém que já havia sido devolvido anteriormente. Israel considera essa ação uma grave violação do acordo de cessar-fogo firmado com o grupo palestino.
Diante da situação, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocou uma reunião de emergência para discutir as possíveis respostas de Israel ao Hamas. A questão dos corpos dos reféns continua sem solução, assim como a formação do comitê que deverá administrar a Faixa de Gaza após o conflito.
O Hamas justificou sua incapacidade de localizar todos os corpos alegando falta de equipamentos e o estado de destruição da Faixa de Gaza. No entanto, as autoridades israelenses contestam essa versão, afirmando que o grupo busca ganhar tempo para evitar a desmilitarização da região, conforme previsto no item 13 do acordo de cessar-fogo.
Os Estados Unidos expressaram preocupação de que decisões relacionadas à ajuda humanitária para a Faixa de Gaza possam comprometer o acordo de cessar-fogo e o plano de Trump. Em resposta, Israel está avaliando a possibilidade de expandir a área sob controle militar, conhecida como Linha Amarela, que atualmente abrange 53% do território.
Autoridades de segurança israelenses estão cientes de que quaisquer medidas de pressão sobre o Hamas dependem das decisões norte-americanas. A cúpula de segurança de Israel acredita que essa limitação imposta pelos EUA permite que o Hamas ganhe tempo e não devolva os corpos dos reféns israelenses.
Os familiares dos reféns, que anteriormente lutavam pela libertação dos vivos, agora direcionam seus esforços para a devolução dos corpos. O Fórum dos Familiares dos Reféns divulgou um comunicado solicitando o congelamento do acordo atual até que o Hamas devolva todos os corpos.
“As famílias pedem ao governo de Israel, ao governo dos Estados Unidos e aos mediadores que não avancem para a próxima fase do acordo até que o Hamas cumpra todas as suas obrigações e devolva todos os reféns a Israel”, afirma o comunicado.
Uma fonte de segurança israelense, citada pela imprensa local, destacou que os EUA não compreendem a insistência de Israel na devolução dos corpos. Enquanto isso, os EUA desejam avançar para a próxima fase do plano, mesmo sem a devolução completa dos corpos.
Internamente, o governo de Netanyahu enfrenta desgaste e a luta pela devolução dos corpos continua a gerar repercussão significativa. Isolado no cenário internacional e sob pressão da população, o primeiro-ministro encontra dificuldades para agir e contestar as diretrizes de Washington.
Além disso, as principais facções palestinas, incluindo o Hamas, anunciaram um acordo para a formação de um comitê independente de tecnocratas que assumirá a administração da Faixa de Gaza no pós-guerra. O acordo foi firmado em uma reunião no Cairo, onde os grupos decidiram entregar a gestão da região a um comitê temporário.
A declaração conjunta, publicada no site do Hamas, informa que o comitê será responsável por administrar os assuntos cotidianos e os serviços básicos em cooperação com países árabes e instituições internacionais. Contudo, o Hamas ainda busca maneiras de evitar a desmilitarização da Faixa de Gaza, conforme exigido por Israel e o plano de Trump.
Khalil Al-Hayya, principal negociador do Hamas, declarou que as armas do grupo estão “relacionadas à presença da ocupação e à agressão”. Ele acrescentou que “se a ocupação terminar, as armas serão transferidas para o Estado”.
Essa ambiguidade gera incertezas, pois o Hamas não se compromete com a criação de um estado palestino ao lado de Israel, mas sim em substituição a ele. Países que defendem a solução de dois Estados argumentam que o estado palestino deve ser estabelecido na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, com capital em Jerusalém Oriental, enquanto o Hamas se opõe à existência do Estado de Israel.
Por fim, Israel suspendeu a classificação de emergência no sul do país pela primeira vez desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. O ministro da Defesa, Israel Katz, seguiu as recomendações do exército e determinou o fim dessa diretriz a partir de hoje, 28 de outubro. Essa decisão reflete a nova realidade de segurança no sul, alcançada graças às operações realizadas pelos “heroicos combatentes” israelenses contra o Hamas ao longo dos últimos dois anos.
A medida permitiu ao Comando da Frente Interna, responsável por determinar as restrições à população civil, limitar a quantidade de pessoas em áreas específicas ou até mesmo fechar certas regiões do território. Um responsável do Kibutz Be'eri, uma das comunidades próximas à Faixa de Gaza que foi atacada pelo Hamas, revelou que recebeu garantias de que a presença do exército no território israelense será permanente.
Veja também: