Fábricas clandestinas em SP e MG produzem fuzis para o Comando Vermelho no Rio
Investigação revela como quadrilhas montaram fábricas para abastecer facção criminosa com armamento de alta precisão.
A Polícia Federal (PF) desmantelou um esquema de fábricas clandestinas de fuzis localizadas em São Paulo e Minas Gerais, que abasteciam o Comando Vermelho, uma das principais facções criminosas do Rio de Janeiro. A investigação revelou que essas indústrias tinham capacidade para produzir até 3.500 fuzis anualmente, utilizando tecnologia de ponta e equipamentos industriais de alta precisão.
Durante a operação, os agentes apreenderam cerca de 150 fuzis prontos e mais de 30 mil peças destinadas à fabricação de armamentos. As armas eram produzidas em Santa Bárbara d'Oeste, interior paulista, onde a estrutura da fábrica era descrita pelo delegado Samuel Escobar como uma “planta industrial profissional”, e não uma simples instalação clandestina.
Um dos principais responsáveis pelo transporte das armas era Rafael Xavier do Nascimento, que foi preso em flagrante na Via Dutra, transportando 13 fuzis para o Complexo do Alemão, uma das áreas mais afetadas pelo tráfico de drogas. As investigações indicam que ele realizava esse transporte pelo menos uma vez por mês, levando armamentos para comunidades e áreas controladas por milícias.
A PF também identificou Anderson Custódio Gomes, membro do núcleo operacional da quadrilha, que foi preso enquanto transportava peças suficientes para a produção de 80 fuzis. Ele estava levando os componentes da fábrica para um depósito em Americana, também em São Paulo.
			
			
			O proprietário da fábrica, Gabriel Carvalho Belchior, um piloto de avião, está foragido e entrou para a lista de procurados da Interpol. Ele teria enviado fuzis desmontados para o Brasil, ocultos em caixas de piscinas infláveis e outros produtos. A Receita Federal interceptou uma dessas remessas em agosto, levando à sua identificação e fuga para os Estados Unidos.
Os fuzis fabricados na clandestinidade eram de calibres capazes de perfurar coletes à prova de balas e paredes, o que os tornava especialmente perigosos nas mãos de criminosos. A quadrilha também forneceu armamentos para facções na Bahia e no Ceará, ampliando seu alcance e influência no tráfico de drogas.
O Comando Vermelho, que já operava com armamentos importados, agora contava com uma fonte interna de produção, o que representa um novo patamar na guerra contra o tráfico no Brasil. A operação da PF, que resultou na maior apreensão de fuzis da história, com 91 armas confiscadas em uma única ação, expôs a complexidade e a sofisticação do crime organizado no país.
As investigações continuam, com a polícia analisando os mais de 90 fuzis apreendidos na megaoperação. A expectativa é que novas informações possam surgir, levando à prisão de mais envolvidos nesse esquema criminoso.
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