Levantamento revela que 3,1 milhões de habitantes vivem em vias acessíveis apenas a motos e pedestres
05 de Dezembro de 2025 às 17h53

Cerca de 20% dos moradores de favelas enfrentam ruas sem acesso a veículos, aponta IBGE

Levantamento revela que 3,1 milhões de habitantes vivem em vias acessíveis apenas a motos e pedestres

Um estudo recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que aproximadamente 20% da população que reside em favelas no Brasil vive em ruas que não permitem a passagem de carros, caminhões ou ônibus. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (5), fazem parte do "Censo 2022: Favelas e Comunidades Urbanas - Características urbanísticas do entorno dos domicílios".

De acordo com o levantamento, 19,2% dos moradores de favelas e comunidades urbanas estavam em vias acessíveis apenas por motos, bicicletas ou a pé em 2022, o que representa cerca de 3,1 milhões de pessoas vivendo nessas condições. Essa situação reflete as dificuldades enfrentadas por muitos brasileiros que habitam em áreas urbanas carentes.

O chefe do Setor de Pesquisas Territoriais do IBGE, Filipe Borsani, destacou que a falta de infraestrutura nas favelas impede o acesso a serviços essenciais. “Isso significa a dificuldade de acesso a certos serviços públicos. Não passa um caminhão de lixo, por exemplo”, afirmou.

Além disso, o estudo revelou que 46,1% dos moradores de favelas vivem em ruas sem calçadas, e 54,6% residem em vias que não possuem bueiros ou bocas de lobo. Apenas 3,8% dos habitantes têm acesso a ruas sem obstáculos nas calçadas, o que limita ainda mais a mobilidade.

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Fora das favelas, a situação é bem diferente. Cerca de 93,4% dos moradores em áreas não faveladas residem em ruas que permitem a passagem de caminhões e ônibus. Essa discrepância evidencia as desigualdades estruturais que persistem nas cidades brasileiras.

O levantamento também mostrou que a presença de calçadas é significativamente menor nas favelas. Enquanto 89,3% dos moradores fora das comunidades têm calçadas em suas ruas, apenas 53,9% dos habitantes de favelas desfrutam dessa infraestrutura. Na maior favela do país, a Rocinha, no Rio de Janeiro, apenas 12,1% dos moradores vivem em vias com calçadas.

A pesquisa ainda abordou a questão da pavimentação. Nas favelas, 78,3% dos moradores têm acesso a vias pavimentadas, enquanto fora delas esse índice sobe para 91,8%. A presença de pavimentação aumenta em comunidades mais populosas, com 86,7% nas favelas com mais de 10 mil habitantes.

O estudo também revelou que a iluminação pública é a infraestrutura urbana mais presente nas favelas, com 91,1% dos moradores residindo em áreas com pontos de luz. No entanto, na Rocinha, esse número cai para 54,3%, demonstrando a desigualdade no acesso a serviços básicos.

Os dados do IBGE expõem uma realidade de exclusão histórica das favelas, conforme ressaltou Filipe Borsani. Ele enfatizou que a pesquisa pode servir como um instrumento para reivindicações por melhorias nas condições de vida nas comunidades urbanas.

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