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Bolsas europeias enfrentam queda com ameaças de tarifas comerciais de Trump
O índice pan-europeu STOXX 600 recuou 0,57%, refletindo preocupações sobre tarifas que podem afetar a economia.
Os mercados acionários europeus encerraram a terça-feira (26) em queda, com o índice pan-europeu STOXX 600 registrando uma desvalorização de 0,57%, fechando a 505,90 pontos. As perdas foram generalizadas, atingindo todos os setores, com destaque para o segmento automotivo, que se viu afetado pelas promessas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas sobre importações de países como Canadá e México.
Trump, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, anunciou a intenção de estabelecer uma tarifa de 25% sobre as importações provenientes do Canadá e do México, além de uma tarifa adicional de 10% sobre produtos da China. Essa estratégia gerou apreensão entre os investidores, que temem uma possível guerra comercial global.
A reação negativa do mercado foi acentuada após a expectativa otimista da véspera, impulsionada pela indicação de Scott Bessent para o cargo de secretário do Tesouro dos EUA. Com a valorização do dólar nesta terça-feira, o clima de cautela dominou os mercados, levando a uma queda generalizada nas bolsas.
Segundo Chris Beauchamp, analista-chefe de mercado do IG Group, "já vimos esse filme antes". Ele observa que a retórica de Trump pode ser uma ferramenta de negociação, mas não deve ser subestimada, especialmente considerando o apoio que ele possui no Congresso. Beauchamp ressalta que os investidores aprenderam a lidar com as incertezas e que a volatilidade das ações não deve ser vista como uma resposta saudável.
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O setor automotivo foi um dos mais afetados, com uma queda de 1,6% no índice Stoxx 600. Montadoras que possuem operações significativas no México, como Stellantis e Volkswagen, lideraram as perdas, com quedas de 4,8% e 2,4%, respectivamente. Além disso, o varejo e as mineradoras também enfrentaram desvalorizações, com quedas de 1% e 1,9%, refletindo os impactos das tarifas sobre os preços globais de metais.
Os formuladores de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) também expressaram preocupação com o impacto que essas tarifas podem ter na economia europeia. A incerteza gerada pelo cenário comercial contribui para um ambiente de negócios mais tenso, dificultando a recuperação econômica esperada para o final do ano.
Após alcançar recordes anteriormente em 2024, o STOXX 600 acumula alta de apenas 6% no ano, um desempenho modesto em comparação com os ganhos superiores a 25% do índice S&P 500 dos EUA. As tensões geopolíticas e os possíveis efeitos das tarifas comerciais continuam a pesar sobre as expectativas dos investidores.
Em Londres, o índice Financial Times caiu 0,40%, enquanto o DAX de Frankfurt recuou 0,56%. O CAC-40 de Paris perdeu 0,87%, e o índice Ftse/Mib de Milão desvalorizou-se em 0,78%. Em Madrid, o Ibex-35 registrou uma baixa de 0,80%, e em Lisboa, o índice PSI20 desvalorizou-se em 0,36%.
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