Walmart abandona iniciativas de diversidade após pressão de ativistas conservadores
Mudanças na política da varejista refletem uma onda de recuos corporativos frente à cultura woke nos EUA.
O Walmart, a maior rede de varejo do mundo, anunciou recentemente uma reavaliação significativa de suas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Essa decisão ocorre em um contexto de crescente pressão de ativistas conservadores que questionam a validade e a necessidade de tais iniciativas nas empresas.
As mudanças foram divulgadas após Robby Starbuck, um influente ativista anti-DEI, ameaçar organizar um boicote à varejista poucos dias antes da Black Friday, um dos maiores eventos comerciais do ano. O Walmart confirmou que não usará mais o termo "DEI" em suas comunicações e que deixará de considerar raça e gênero na concessão de contratos com fornecedores.
Além disso, a empresa reduzirá os treinamentos sobre equidade racial para seus funcionários e revisará seu apoio a eventos como as Paradas de Orgulho. Essas decisões marcam uma mudança drástica nas promessas de diversidade que a companhia havia feito anteriormente, especialmente após o assassinato de George Floyd, que impulsionou muitas empresas a intensificarem seus esforços em prol da inclusão.
Um porta-voz do Walmart destacou que as mudanças visam promover um "senso de pertencimento" e abrir oportunidades para todos os colaboradores e clientes. No entanto, essa nova abordagem pode ter repercussões profundas na forma como a empresa é percebida por consumidores que apoiam a diversidade.
A decisão do Walmart não é isolada. Outras grandes empresas, como Ford e Toyota, também têm recuado em suas políticas de DEI, refletindo um ambiente corporativo que está reconsiderando os riscos e benefícios de tais iniciativas. David Larcker, professor da Stanford Graduate School of Business, comentou que a mudança do Walmart poderá influenciar outras empresas a seguir o mesmo caminho, criando um efeito dominó no setor.
As novas diretrizes da varejista incluem a remoção de produtos que Starbuck considera impróprios, especialmente aqueles que abordam questões de gênero e sexualidade para crianças. O Walmart também está avaliando seu financiamento a eventos que promovem conteúdos considerados "sexuais e/ou relacionados a pessoas trans".
A decisão de reverter políticas de diversidade está em linha com um movimento mais amplo nos Estados Unidos, onde diversas empresas estão enfrentando pressão de grupos conservadores que contestam a eficácia e a legalidade das ações afirmativas. O recente julgamento da Suprema Corte, que limitou ações afirmativas nas universidades, também contribuiu para essa mudança de postura no ambiente corporativo.
Enquanto isso, o Walmart permanece atento às reações de seus clientes e colaboradores, conscientes de que a mudança pode impactar sua capacidade de atrair e reter talentos. A empresa, que emprega mais de 1,6 milhão de pessoas nos EUA, enfatiza que suas decisões são motivadas pelo desejo de criar um ambiente acolhedor e inclusivo.
Veja também: