Oposição venezuelana solicita apoio de Brasil e Argentina diante de assédio à embaixada
Líderes opositores pedem atenção e pressão internacional em resposta ao cerco policial em Caracas
A oposição venezuelana fez um apelo urgente nesta quarta-feira, 27, solicitando que Brasil e Argentina aumentem a atenção e a pressão sobre a situação de "assédio" que seis opositores enfrentam em uma embaixada argentina em Caracas. A sede diplomática, que abriga os asilados, está sob proteção de funcionários brasileiros desde a ruptura das relações diplomáticas entre os dois países.
Em um comunicado publicado na rede social X, a Plataforma da Unidade Democrática (PUD), principal grupo opositor, declarou: "Urgente! Exige-se mais atenção e pressão de Brasil e Argentina sobre a situação de assédio na embaixada argentina! Ninguém pode se calar!". A mensagem reflete a crescente preocupação com a segurança e bem-estar dos opositores, que estão refugiados desde março.
Desde o último sábado, a embaixada argentina tem sido cercada por policiais venezuelanos, que estão posicionados nas proximidades da residência. Entre os asilados, encontra-se Magalli Meda, chefe de campanha da líder oposicionista María Corina Machado. A situação se agravou com denúncias de que as autoridades venezuelanas cortaram os serviços essenciais de água e eletricidade, além de impedir a entrada de um caminhão de água potável na residência.
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina denunciou, no sábado, "atos de intimidação e hostilidade" contra sua embaixada e exigiu que o governo venezuelano emita os "salvo-condutos necessários" para que os opositores possam deixar o país com segurança.
Em resposta, o governo da Venezuela negou qualquer assédio e o ministro do Interior, Diosdado Cabello, afirmou em coletiva que "que paguem a luz, que paguem os serviços, nós não vamos dar nada de graça". Essa declaração ilustra a tensão entre os dois países, que se intensificou após a polêmica reeleição de Nicolás Maduro, marcada por alegações de fraude.
A proteção da residência da embaixada argentina pelo Brasil começou em 1º de agosto, após a ruptura das relações diplomáticas, que se deu em resposta às posições do governo argentino sobre as eleições venezuelanas. A situação atual não é inédita; episódios semelhantes de assédio já ocorreram, sendo o mais recente em setembro, quando Caracas anunciou a revogação da permissão para que o Brasil representasse a Argentina.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se recusou a reconhecer Maduro como legítimo vencedor das eleições, reafirmou seu compromisso em defender os interesses da Argentina diante da comunidade internacional.
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