Juros do cartão de crédito atingem 438,9% ao ano, a maior taxa em 2024
Taxa do cheque especial recua, enquanto juros do cartão rotativo seguem em alta, mostra Banco Central
A taxa média de juros do cartão de crédito rotativo subiu para 438,9% ao ano em outubro, conforme divulgado pelo Banco Central. Este aumento representa uma elevação de 0,5 ponto percentual em relação a setembro, quando a taxa era de 438,4%, marcando o maior patamar do ano.
Esse índice alarmante reflete a realidade de muitos consumidores que, ao não quitarem suas faturas em dia, enfrentam um aumento exponencial em suas dívidas. Um exemplo prático: quem deve R$ 800 em um cartão de crédito e não paga a fatura em um ano, terá que desembolsar um total de R$ 4.311,20 para saldar a dívida, o que representa um acréscimo de R$ 3.511,20.
Apesar do cenário crítico dos juros rotativos, o Conselho Monetário Nacional estabeleceu um teto de 100% para as taxas de juros do rotativo a partir de janeiro deste ano. Essa norma foi instituída com a intenção de proteger os consumidores, limitando o valor total a ser pago em dívidas. Por exemplo, uma dívida de R$ 200 não pode ultrapassar R$ 400, considerando juros e encargos.
Entretanto, as taxas apresentadas pelo Banco Central levantam questionamentos sobre o cumprimento dessa legislação pelos bancos. A metodologia utilizada para calcular as taxas anuais extrapola a taxa mensal cobrada pelas instituições financeiras, o que pode não refletir a realidade da maioria dos consumidores, que geralmente ficam inadimplentes apenas por curtos períodos.
Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, defendeu a continuidade da divulgação dessa série histórica de taxas, ressaltando sua importância para monitorar as variações nas taxas de juros e como um indicativo do que ocorre no sistema financeiro como um todo.
Por outro lado, a taxa média do cheque especial, que é a segunda linha de crédito mais onerosa, apresentou uma ligeira queda em outubro, atingindo 135,3% ao ano. Essa redução de 1 ponto percentual em relação ao mês anterior demonstra uma leve melhora nas condições de crédito, embora a dívida acumulada em um ano ainda seja substancial. Um saldo de R$ 800 no cheque especial, por exemplo, pode aumentar para R$ 1.882,40 se mantido sem pagamento por um ano.
Os consumidores também têm a opção de recorrer ao crédito consignado, que oferece taxas mais baixas devido ao desconto direto em folha de pagamento. No entanto, mesmo essa modalidade sofreu um leve aumento, com taxa de 23,4% ao ano, a maior desde abril, refletindo as dificuldades gerais do setor financeiro.
Em um cenário de crescente pressão sobre as finanças pessoais, é crucial que os consumidores estejam cientes das condições do crédito e busquem alternativas que possam mitigar o impacto das altas taxas de juros.
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