A compra da mineradora Taboca, que extrai nióbio e estanho, levanta questões sobre a presença de urânio na reserva.
28 de Novembro de 2024 às 13h47

Venda de mina na Amazônia para chineses gera especulações sobre urânio

A compra da mineradora Taboca, que extrai nióbio e estanho, levanta questões sobre a presença de urânio na reserva.

A recente aquisição da mineradora peruana Taboca pela empresa chinesa CMNC, por um valor estimado em US$ 340 milhões, provocou um alvoroço nas redes sociais e entre grandes corporações internacionais. A notícia, que circulou amplamente em grupos de WhatsApp, sugere que o governo da China teria comprado uma mina de urânio na Amazônia, mas a realidade é mais complexa.

A Taboca, localizada em Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas, é conhecida por sua extração de estanho e nióbio. Este último, um metal altamente valorizado na indústria náutica, aeronáutica e de eletrônicos, é o que mais atrai o interesse dos investidores asiáticos. Embora haja menção à presença de urânio na mina, esse material é considerado rejeitado e não é alvo de exploração ativa.

A fiscalização da exploração mineral na região é rigorosa, com a Comissão Nacional de Energia Nuclear monitorando de perto qualquer atividade relacionada ao urânio. Qualquer utilização do material deve ser aprovada pelo Congresso Nacional e realizada em parceria com as Indústrias Nucleares do Brasil, o que torna improvável a especulação de que a China tenha planos de enriquecer urânio para fins bélicos.

Além disso, a situação gera um debate mais amplo sobre a segurança e a soberania nacional em relação a recursos naturais estratégicos. A venda da Taboca à CMNC não é apenas uma transação comercial, mas também um reflexo das dinâmicas geopolíticas que envolvem o Brasil e a China.

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Essa transação ocorre em um contexto de crescente interesse chinês em recursos naturais na América Latina, onde o Brasil se destaca não apenas pela sua biodiversidade, mas também pela riqueza mineral. O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Lula da Silva, busca equilibrar as relações comerciais com potências estrangeiras enquanto mantém a proteção dos interesses nacionais.

As reações à compra também se estendem ao setor agrícola e à política interna. O presidente Lula tenta fortalecer sua imagem junto ao agronegócio, que se mostra cético em relação à presença de investimentos estrangeiros no Brasil. A proposta de uma audiência pública na Comissão de Agricultura, liderada pela deputada Coronel Fernanda (PL-MT), reflete a preocupação com a segurança alimentar e a integridade das terras brasileiras.

Enquanto isso, a expectativa é de que a regulamentação do mercado de carbono no Brasil avance, criando novas oportunidades de investimento e posicionando o país como um líder na agenda ambiental global. O projeto, já aprovado pelo Congresso, promete atrair bilhões em investimentos e uma maior integração do Brasil na economia verde.

Assim, a venda da mina de Taboca não é um mero detalhe econômico, mas um tema que toca em questões de soberania, segurança e as complexas relações entre o Brasil e a China no cenário atual.

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