JP Morgan projeta aumento da Selic para 14,25% após pacote fiscal do governo
Instituição financeira revisa suas previsões e aponta deterioração nas expectativas econômicas após anúncio de medidas fiscais.
O banco JP Morgan anunciou nesta quinta-feira (28) que espera um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, que deve atingir 14,25% ao final do atual ciclo de alta. A previsão foi revisada após o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunir nos dias 10 e 11 de dezembro e analisar o impacto do recente pacote fiscal do governo.
Os economistas da instituição, Cassiana Fernandez, Vinicius Moreira e Mirella Mirandola Sampaio, destacaram que o pacote fiscal não conseguiu recuperar a credibilidade da política econômica. Além disso, identificaram que a depreciação do câmbio e a piora nas expectativas de inflação aumentam as pressões sobre os preços.
“Vemos agora o Banco Central aumentando os juros em um ritmo mais acelerado do que o previsto anteriormente”, afirmaram os analistas em nota. A projeção anterior do JP Morgan era de que o BC manteria um aumento de 0,50 ponto percentual por reunião até março de 2024, após um ajuste já realizado que elevou a Selic para 11,25% no início deste mês.
O banco também avaliou que a economia gerada pelo pacote fiscal deve ficar significativamente abaixo das expectativas do governo, estimando um impacto de apenas R$ 15 bilhões até 2025, em contraste com a previsão otimista de R$ 30,6 bilhões apresentada pela área econômica do governo.
Os economistas do JP Morgan alertaram que, embora o pacote proposto facilite a execução orçamentária, é necessário um ajuste mais estrutural para reduzir o déficit fiscal e melhorar a percepção dos agentes econômicos sobre a sustentabilidade da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
Além disso, a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais e o aumento da tributação para rendimentos superiores a R$ 50 mil podem, segundo a análise, impulsionar ainda mais a inflação. “Mesmo sob a suposição otimista de que esta reforma é neutra em termos fiscais, ela não é neutra em termos de demanda, uma vez que aumenta o rendimento disponível de indivíduos com alta propensão ao consumo”, acrescentaram os economistas.
No contexto atual, a combinação de um pacote fiscal expansionista e uma política monetária restritiva pode levar a um aprofundamento do conflito entre as duas esferas, aumentando a pressão inflacionária e exigindo uma atuação mais decisiva do Banco Central.
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