Expectativa por pacote fiscal eleva taxas curtas de juros futuros
Taxas de juros futuros demonstram comportamento misto, com foco na política fiscal do governo Lula.
Na última segunda-feira, o mercado financeiro brasileiro observou uma movimentação nas taxas de juros futuros, que encerraram o dia com uma trajetória divergente. Enquanto as taxas de curto prazo apresentaram alta, as longas registraram queda, refletindo a expectativa em torno do pacote de medidas fiscais que o governo Lula deve anunciar em breve.
Ao final do pregão, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025, que indica as expectativas para a Selic no curto prazo, subiu para 11,506%, em comparação aos 11,487% do ajuste anterior. Por outro lado, a taxa do contrato para janeiro de 2026 também aumentou, passando a 13,265%, uma alta de 3 pontos-base em relação à última marca de 13,236%.
Nos contratos com vencimento mais distante, a taxa para janeiro de 2031 caiu para 12,93%, ante 13,047% do ajuste anterior, enquanto o contrato para janeiro de 2033 registrou 12,81%, também em baixa de 12 pontos-base em relação a 12,929%.
Essa movimentação ocorre em um contexto de reações dos investidores à recente nomeação de Scott Bessent como secretário do Tesouro dos Estados Unidos, pelo presidente eleito Donald Trump. Bessent, um veterano de Wall Street, é visto como um conservador na área fiscal, o que ajudou a aliviar as preocupações sobre a trajetória da dívida pública americana, impactando os rendimentos dos Treasuries e, consequentemente, influenciando as taxas no Brasil.
Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos, comentou sobre a nomeação: “O nome lá de fora é um nome bom, indiscutivelmente. O mercado ficou mais aliviado com essa indicação.” No auge da sessão, a taxa do DI para janeiro de 2031 atingiu a mínima de 12,91%, refletindo a influência externa nas decisões do mercado.
Além das influências externas, o foco dos investidores permanece na situação fiscal interna. Recentemente, o governo anunciou um bloqueio adicional de R$ 6,04 bilhões no orçamento federal para 2024, como parte de esforços para garantir o cumprimento das regras fiscais. O mercado aguarda ansiosamente o pacote de contenção de gastos que deve ser apresentado pelo governo nos próximos dias.
Em Brasília, a articulação do pacote continua sem uma data definida para o anúncio, o que tem gerado cautela entre os investidores e pressionado as taxas de juros de curto prazo. “Está todo mundo nessa expectativa pelo tal pacote. Ele vai ser determinante para os próximos movimentos e para os próximos dias. Precisa ficar claro o que esse pacote traz”, afirmou Espirito Santo.
O Banco Central, em seu relatório Focus, divulgou que a projeção mediana do mercado para o resultado primário de 2024 melhorou levemente, passando de um déficit de 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB) para 0,50%. No entanto, as previsões para os anos seguintes ainda indicam déficits, de 0,70% em 2025 e 0,60% em 2026.
As expectativas de inflação também se mantêm elevadas, com projeções de 4,63% para 2024, 4,34% para 2025 e 3,78% para 2026, todas acima da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central. O crescimento econômico projetado para 2024 e 2025 também apresentou leve aumento, alcançando 3,17% e 1,95%, respectivamente.
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, ressaltou que o cenário se configura como um desafio, afirmando: “Portanto, o resumo é mais crescimento, mais inflação e mais juros também.” A expectativa em torno da reunião do Copom em dezembro, onde se discute uma possível elevação da Selic, segue incerta, com o mercado avaliando a probabilidade de uma alta de 75 pontos-base ou de 50 pontos-base.
Até o fechamento, a curva de juros brasileira indicava 74% de chance de uma alta de 75 pontos-base na taxa básica Selic no próximo mês e 26% de probabilidade de um aumento de 50 pontos-base. Atualmente, a taxa Selic está fixada em 11,25% ao ano.
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