Taxas de juros futuros demonstram comportamento misto, com foco na política fiscal do governo Lula.
25 de Novembro de 2024 às 17h58

Expectativa por pacote fiscal eleva taxas curtas de juros futuros

Taxas de juros futuros demonstram comportamento misto, com foco na política fiscal do governo Lula.

Na última segunda-feira, o mercado financeiro brasileiro observou uma movimentação nas taxas de juros futuros, que encerraram o dia com uma trajetória divergente. Enquanto as taxas de curto prazo apresentaram alta, as longas registraram queda, refletindo a expectativa em torno do pacote de medidas fiscais que o governo Lula deve anunciar em breve.

Ao final do pregão, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025, que indica as expectativas para a Selic no curto prazo, subiu para 11,506%, em comparação aos 11,487% do ajuste anterior. Por outro lado, a taxa do contrato para janeiro de 2026 também aumentou, passando a 13,265%, uma alta de 3 pontos-base em relação à última marca de 13,236%.

Nos contratos com vencimento mais distante, a taxa para janeiro de 2031 caiu para 12,93%, ante 13,047% do ajuste anterior, enquanto o contrato para janeiro de 2033 registrou 12,81%, também em baixa de 12 pontos-base em relação a 12,929%.

Essa movimentação ocorre em um contexto de reações dos investidores à recente nomeação de Scott Bessent como secretário do Tesouro dos Estados Unidos, pelo presidente eleito Donald Trump. Bessent, um veterano de Wall Street, é visto como um conservador na área fiscal, o que ajudou a aliviar as preocupações sobre a trajetória da dívida pública americana, impactando os rendimentos dos Treasuries e, consequentemente, influenciando as taxas no Brasil.

Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos, comentou sobre a nomeação: “O nome lá de fora é um nome bom, indiscutivelmente. O mercado ficou mais aliviado com essa indicação.” No auge da sessão, a taxa do DI para janeiro de 2031 atingiu a mínima de 12,91%, refletindo a influência externa nas decisões do mercado.

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Além das influências externas, o foco dos investidores permanece na situação fiscal interna. Recentemente, o governo anunciou um bloqueio adicional de R$ 6,04 bilhões no orçamento federal para 2024, como parte de esforços para garantir o cumprimento das regras fiscais. O mercado aguarda ansiosamente o pacote de contenção de gastos que deve ser apresentado pelo governo nos próximos dias.

Em Brasília, a articulação do pacote continua sem uma data definida para o anúncio, o que tem gerado cautela entre os investidores e pressionado as taxas de juros de curto prazo. “Está todo mundo nessa expectativa pelo tal pacote. Ele vai ser determinante para os próximos movimentos e para os próximos dias. Precisa ficar claro o que esse pacote traz”, afirmou Espirito Santo.

O Banco Central, em seu relatório Focus, divulgou que a projeção mediana do mercado para o resultado primário de 2024 melhorou levemente, passando de um déficit de 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB) para 0,50%. No entanto, as previsões para os anos seguintes ainda indicam déficits, de 0,70% em 2025 e 0,60% em 2026.

As expectativas de inflação também se mantêm elevadas, com projeções de 4,63% para 2024, 4,34% para 2025 e 3,78% para 2026, todas acima da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central. O crescimento econômico projetado para 2024 e 2025 também apresentou leve aumento, alcançando 3,17% e 1,95%, respectivamente.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, ressaltou que o cenário se configura como um desafio, afirmando: “Portanto, o resumo é mais crescimento, mais inflação e mais juros também.” A expectativa em torno da reunião do Copom em dezembro, onde se discute uma possível elevação da Selic, segue incerta, com o mercado avaliando a probabilidade de uma alta de 75 pontos-base ou de 50 pontos-base.

Até o fechamento, a curva de juros brasileira indicava 74% de chance de uma alta de 75 pontos-base na taxa básica Selic no próximo mês e 26% de probabilidade de um aumento de 50 pontos-base. Atualmente, a taxa Selic está fixada em 11,25% ao ano.

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