Taxas de juros futuros desaceleram alta após sinalizações do Congresso e do BC
Os juros futuros encerraram a semana com alta moderada, influenciados por declarações do Congresso e novas indicações para o BC.
Na última sexta-feira, 29, os juros futuros apresentaram uma leve alta, mas encerraram o dia distantes das máximas alcançadas pela manhã. A pressão sobre a curva foi amenizada pela sinalização do Congresso, especialmente do Senado, de que a discussão sobre o aumento da faixa de isenção do imposto de renda não será abordada neste momento.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 subiu para 13,89%, em comparação aos 13,84% do ajuste anterior. Já o DI para janeiro de 2027 avançou de 13,94% para 14,04%, enquanto a taxa para janeiro de 2029 fechou em 13,80%, um leve aumento em relação aos 13,77% registrados anteriormente.
Os dados acumulados na semana indicam prêmios em torno de 60 pontos em relação à última sexta-feira. Contudo, no mês de novembro, as taxas experimentaram um aumento significativo, com saltos de cerca de 80 pontos nos juros longos e 100 nos curtos, resultando em uma perda de inclinação na curva.
O clima de incerteza que dominou o mercado na manhã de sexta-feira foi suavizado pela declaração dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, que reafirmaram o compromisso com o ajuste fiscal. Pacheco afirmou que o Congresso apoia as medidas de contenção de despesas e que a ampliação da isenção do imposto de renda não é uma prioridade no momento, dependendo de condições fiscais para ser implementada.
O governo também protocolou na Câmara um projeto de lei que visa limitar o crescimento real do salário mínimo e implementar mudanças nas regras de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), além de exigir o cadastro biométrico para a concessão e renovação de benefícios de seguridade social. A proposta sobre alterações no imposto de renda deverá ser apresentada somente no próximo ano.
As taxas de juros mostraram uma desaceleração em sua trajetória de alta, chegando até a registrar quedas pontuais no início da tarde. O economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, destacou que “o Congresso é o verdadeiro agente que pode reverter a situação criada pelo Executivo”, enfatizando a necessidade de ações efetivas para a contenção de gastos.
Igliori observou que o Executivo está transferindo a responsabilidade ao Congresso e à autoridade monetária, o que explica a pressão contínua nos vencimentos mais curtos, que são mais suscetíveis às expectativas em relação à política monetária.
O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reiterou a disposição do Comitê de Política Monetária (Copom) de perseguir a meta de inflação de 3%. Ele afirmou que terá liberdade de ação ao assumir o cargo em janeiro e que não se preocupa com eventuais críticas do governo.
Os investidores aguardam a última reunião do Copom do ano, que ocorrerá em duas semanas. Igliori advertiu que “qualquer sinal ou detalhe fora do comum no comunicado pode reacender preocupações que haviam sido deixadas de lado, especialmente sobre a nova composição do Copom e sua possível tolerância com a inflação acima da meta”.
As expectativas de um Copom mais rigoroso persistem na curva dos DIs, com a precificação para a reunião de dezembro subindo de 82 para 88 pontos-base. A taxa Selic terminal, que estava em 14,75%, agora se aproxima de 15%, alcançando 14,95%.
Recentemente, o presidente Lula fez indicações para as novas diretorias do Banco Central, que assumirão em janeiro. As nomeações, que incluem Nilton David, do Bradesco, para a diretoria de Política Monetária, foram bem recebidas pelo mercado, contribuindo para a diminuição das altas nos vencimentos mais curtos.
Além de David, Gilneu Vivan foi indicado para a diretoria de Regulação e Izabela Correa para a diretoria de Relacionamento e Cidadania, ambos com longa trajetória no Banco Central.
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