Novo modelo in vitro poderá substituir testes em animais e aprimorar tratamentos de feridas e queimaduras
29 de Novembro de 2024 às 11h45

Pesquisadores brasileiros criam pele artificial 3D que imita a pele humana

Novo modelo in vitro poderá substituir testes em animais e aprimorar tratamentos de feridas e queimaduras

Cientistas do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, São Paulo, desenvolveram uma pele artificial por impressão tridimensional (3D) com características mais próximas às da pele humana. Denominada Human Skin Equivalent with Hypodermis (HSEH), essa inovação visa revolucionar a pesquisa em medicina e cosméticos.

A HSEH foi projetada para simular de maneira mais acurada doenças e lesões, como feridas e queimaduras, além de servir como alternativa viável para testes de medicamentos e cosméticos, eliminando a necessidade de experimentação em animais. O estudo que descreve essa conquista foi publicado na revista Communications Biology e apresentado durante a FAPESP Week Spain, em Madri, onde pesquisadores brasileiros se reuniram com colegas da Europa para fortalecer laços e parcerias na área de biotecnologia.

Uma das principais inovações deste modelo é a inclusão da hipoderme, a camada mais profunda da pele, que até então era frequentemente negligenciada em modelos anteriores. Essa camada, composta por células adiposas, desempenha um papel crucial na regulação de processos biológicos, como hidratação e imunidade. Ana Carolina Migliorini Figueira, coordenadora do projeto, explica: “Conseguimos desenvolver um modelo de pele completa, com três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme. Isso nos permite obter um modelo com características muito similares às da pele humana.”

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Os pesquisadores utilizaram células-tronco e células primárias cultivadas diretamente de tecido humano para alcançar esse avanço. Essa abordagem não só melhora a semelhança com a pele natural, mas também proporciona uma plataforma in vitro mais precisa para a modelagem de doenças e para estudos toxicológicos, como destacam os resultados iniciais.

A hipoderme é essencial para a funcionalidade da pele, modulando a expressão de genes vitais relacionados à proteção e regeneração do tecido. “Os resultados dos ensaios mostram que a hipoderme não pode ser dispensada na hora de reproduzir a pele humana”, afirma Figueira, ressaltando a importância desse componente na pesquisa.

O LNBio planeja utilizar a pele artificial em suas pesquisas, mas também disponibilizá-la para instituições parceiras. Um dos objetivos é contribuir para o desenvolvimento de enxertos que ajudem no tratamento de ferimentos e queimaduras, especialmente em colaboração com pesquisadores holandeses que trabalham em novas terapias para diabetes, visando criar um modelo de pele diabética com feridas crônicas.

Com esta inovação, espera-se que a pesquisa em biomedicina avance significativamente, oferecendo novos caminhos para tratamentos mais eficazes e éticos, alinhando-se às demandas contemporâneas por alternativas que minimizem o sofrimento animal.

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