Paulo Cunha Bueno, defensor de Jair Bolsonaro, diz que a intenção do golpe beneficiaria uma junta militar.
30 de Novembro de 2024 às 01h49

Advogado de Bolsonaro afirma que ex-presidente foi traído por militares golpistas

Paulo Cunha Bueno, defensor de Jair Bolsonaro, diz que a intenção do golpe beneficiaria uma junta militar.

O advogado Paulo Cunha Bueno, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira, 29, que Bolsonaro não seria o principal beneficiado por um golpe de Estado, mas sim uma junta militar. Segundo ele, o ex-presidente teria sido traído pelos militares envolvidos na suposta trama golpista.

“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo, e nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro. Não tem o nome dele lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali”, afirmou Bueno.

Um documento apreendido com Fernandes, que foi ex-secretário-executivo da Presidência durante o governo Bolsonaro, previa o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, por envenenamento ou uso de substâncias químicas para causar um colapso orgânico, levando em conta a saúde vulnerável do petista. Fernandes, outros três militares das Forças Especiais do Exército e um agente da Polícia Federal foram presos na semana passada por suas ligações com a trama golpista.

O relatório final da investigação, que envolve Bolsonaro e mais 36 pessoas, aponta que o ex-presidente sabia do plano para eliminar o atual presidente, seu vice e o ministro da Suprema Corte. Contudo, Bueno negou essa afirmação, alegando que a trama assassina “nunca chegou ao conhecimento dele”.

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Além disso, o advogado destacou que Bolsonaro não tinha a obrigação de denunciar a tentativa de golpe, pois não teria concordado com a ação. “É crível que as pessoas o abordassem com todo tipo de proposta”, acrescentou.

Bueno também descartou a possibilidade de prisão do ex-presidente, afirmando que “não faria sentido que houvesse algum tipo de prisão”. Ele enfatizou que o que espera é que seu cliente seja julgado por uma corte competente e imparcial, e não por desafetos pessoais. “Isto é o mínimo que alguém acusado, eventualmente, tem o direito de ter”, disse.

Após a divulgação do indiciamento, Bolsonaro se manifestou nas redes sociais, afirmando que pode “esperar nada de uma equipe que usa criatividade” para denunciá-lo, além de criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que conduz o inquérito. “O ministro Alexandre de Moraes ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa”, declarou.

O ex-presidente também argumentou que nunca discutiu a possibilidade de um golpe de Estado e que sempre buscou resolver os problemas do Brasil dentro da Constituição. “Ninguém dá golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais”, afirmou, ressaltando que a palavra golpe “nunca esteve” em seu vocabulário.

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