Morre Angel Vianna, ícone da dança contemporânea brasileira, aos 96 anos
A bailarina e coreógrafa foi uma referência essencial na formação de artistas e terapeutas no Brasil.
A bailarina, coreógrafa e pesquisadora mineira Angel Vianna faleceu neste domingo (1º), aos 96 anos. A notícia foi divulgada nas redes sociais da Faculdade de Dança Angel Vianna, instituição que ela fundou. A causa da morte não foi informada.
Em nota, a faculdade expressou sua tristeza: “Com imenso pesar, comunicamos o falecimento da nossa querida mestra Angel Vianna. Com serenidade, ela nos deixou repletos de sua luz e sabedoria.” A família realizou uma cerimônia íntima de despedida em São Paulo e informará em breve sobre as missas de sétimo dia que ocorrerão em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Angel Vianna, nascida Maria Ângela Abras Vianna, começou sua trajetória na dança em Belo Horizonte, onde iniciou seus estudos no Ballet de Minas Gerais em 1948. Sua formação artística incluiu também escultura na Escola de Belas Artes da Universidade do Estado de Minas Gerais, além de piano com o maestro Francisco Masferrer. Em 1955, casou-se com Klauss Vianna, também coreógrafo, e juntos formaram uma das duplas mais influentes da dança moderna no Brasil.
O casal foi pioneiro em integrar a dança ao teatro, desenvolvendo uma metodologia que enfatizava o corpo como um agente ativo de conhecimento. O trabalho deles influenciou gerações de bailarinos, atores e terapeutas, que reconhecem a importância do método de Angel, conhecido como Metodologia Angel Vianna (MAV).
Em sua carreira, Angel foi responsável pela fundação de diversas instituições dedicadas à dança, incluindo o Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação e o Espaço Novo, que se tornaram essenciais para a formação de novos profissionais. Em 2001, ela criou a Faculdade de Dança Angel Vianna, que continua a oferecer cursos de graduação e pós-graduação.
Angel Vianna se destacou não apenas por seu trabalho pedagógico, mas também por suas apresentações. Em 2016, após quase duas décadas sem apresentar um solo autoral, ela subiu ao palco com o espetáculo “Amanhã é outro dia!”, que refletiu sobre sua longa trajetória artística. Sua vitalidade e paixão pela dança permaneceram evidentes até os últimos anos de sua vida, quando ainda se preparava para novos projetos.
O legado de Angel Vianna é reconhecido por muitos que passaram por suas aulas e por aqueles que se inspiraram em sua abordagem inovadora. Ela recebeu diversas condecorações, incluindo o Prêmio Mambembe, a Comenda da Ordem ao Mérito Cultural, e o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia.
Angel Vianna deixa um legado imensurável na dança brasileira, sendo uma referência não apenas para bailarinos, mas para todos que buscam compreender o corpo e a expressão artística como uma forma de comunicação e liberdade.
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