Resultados alarmantes do estudo Timss mostram que crianças têm dificuldades em operações simples e conceitos fundamentais
04 de Dezembro de 2024 às 07h57

Estudo revela que 51% dos alunos brasileiros de 9 anos não dominam matemática básica

Resultados alarmantes do estudo Timss mostram que crianças têm dificuldades em operações simples e conceitos fundamentais

Uma nova pesquisa internacional, o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss), revelou um quadro preocupante da educação matemática no Brasil. Os dados, divulgados recentemente, indicam que 51% das crianças do 4º ano do ensino fundamental não conseguem realizar operações básicas, como tabuada ou somas simples, como por exemplo, “200 - 150”.

Os resultados mostram que as crianças brasileiras apresentam um desempenho muito abaixo da média global. A pontuação média do Brasil em matemática foi de 400 pontos, posicionando o país à frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. Em comparação com a média global de 503 pontos, isso representa um atraso equivalente a três anos escolares.

Os dados do Timss são ainda mais alarmantes quando se observa que, entre os 5% de alunos com o pior desempenho, a pontuação máxima foi de apenas 259 pontos. Segundo o especialista em avaliação de políticas públicas educacionais, Ernesto Martins Faria, “isso significa que eles basicamente não reagiram à prova, pois o conteúdo era muito difícil para eles”.

“É muito cedo para estarmos tão atrasados. Nosso desempenho ficou próximo ao de países africanos com PIB menor que o nosso”, afirma Faria.

Ao avaliar o conhecimento dos alunos do 8º ano, a situação se revela igualmente preocupante. Mais de 60% dos estudantes não alcançaram nem o patamar considerado básico na escala do Timss. Eles não conseguem lidar com formas geométricas simples, como círculos e quadrados, e têm dificuldades em interpretar gráficos e relações lineares.

Com uma média de 378 pontos, o Brasil ficou atrás de países como Irã, Uzbequistão, Chile, Malásia, Arábia Saudita e Jordânia, e apenas à frente do Marrocos. Este cenário indica que o Brasil está enfrentando um sério desafio educacional, que precisa ser urgentemente abordado.

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Embora o desempenho em ciências tenha sido ligeiramente melhor, com 39% dos alunos do 4º ano não dominando conhecimentos básicos, ainda assim, é um sinal de alerta. A média geral em ciências foi de 420 pontos, entre os níveis baixo e intermediário.

Ernesto Martins Faria destaca que o problema da matemática é ainda mais grave do que o da leitura. “Quase não existe a realidade de alunos abaixo de 400 pontos na Inglaterra, por exemplo. No Brasil, essa é a pontuação mais comum. Temos uma questão no letramento matemático: crianças e jovens não dominam a base mínima da disciplina para resolver um problema”, explica.

As causas desse desempenho insatisfatório são multifatoriais e incluem a falta de familiaridade com números, baixa atratividade da carreira docente e desigualdade econômica. Faria aponta que a formação docente no Brasil enfrenta sérios problemas, com um aumento do ensino à distância e a baixa qualidade dos cursos de pedagogia.

Além disso, a desigualdade econômica e social impacta diretamente a educação, dificultando o aprendizado de crianças em situações vulneráveis. É um ciclo vicioso que precisa ser rompido urgentemente para garantir uma educação de qualidade para todos os estudantes brasileiros.

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